SERVIR O
PARTIDO OU, SERVIR-SE DO PARTIDO?
O desabafo de um camarada do
PAIGC.
“Eu pertenci à geração dos
que se juntaram, de forma espontânea, ao PAIGC nas vésperas da “tomada de
Bissau”, mas nem por isso me vanglorio de ser Combatente da Liberdade da
Patria, ou num sentido mais estrito Antigo Combatente. Estes heróis, devem ser
venerados e ser-lhes dado o devido e merecido respeito.
Foi com entusiasmo e fulgor
da exaltação independentista que acompanhei os camaradas nos primeiros passos
de entrada em Bissau, assistindo com pulsar invulgar, o arear da bandeira
portuguesa e o hastear da nossa bandeira na Vila de Mansôa.
Nada mais que, uma epopeia
inesquecível da juventude que viveu a mística de um partido mítico e
libertador, por isso, gostei, simpatizei, militei.
Com o tempo, desiludi-me e
finalmente, fiquei no meu canto a observar as peripécias do Partido.
Nunca deixei de ser do
partido, pois faz parte da minha essência e, se não me exagero também, de mais
de 60% dos guineenses de uma forma direta ou indireta.
Nessa minha vivência conheci
vários líderes do PAIGC e, citando apenas os mais proeminentes, Luis Cabral,
homem íntegro, honesto, digno honrado, impoluto e patriota ímpar, depois João
Bernardo Vieira (Nino), general, chefe de guerra, austero, grande patriota que
dirigiu o partido e o Estado com mãos de ferro, sem oposições e com carácter
repressivo.
Depois veio, Carlos Gomes
Jr, líder que resgatou o partido da decadência, reorganizou o partido
entretanto moribundo, conseguindo levá-lo num primeiro embate legislativo a uma
maioria relativa e na segunda a uma maioria qualificada de 67%, feito jamais
alcançado por nenhuma formação política... para além de ter ganho largamente as
eleições presidenciais de abril 2012, abruptamente interrompido por um golpe
militar cujos contornos e motivações, até hoje, estão por esclarecer.
De todos eles, tive sempre a
perceção, cada um à sua maneira e método, de terem gerido o partido de forma
rigorosa e mais transparente, possível, sendo que, até em certos casos sem
citar nomes, alguns de entre eles, terem alimentado e financiado as atividades
do partido com fundos e património próprios.
No contexto atual, o que se
vê, é que, esta nova liderança do PAIGC, está-se a servir do partido, para
promover, beneficiar de impunidade, regalias e, sobretudo enriquecer-se à custa
dos apoios e beneficios do Partido.
Nós todos vimos como esta
nova liderança de DSP chegou ao partido, autêntico pé-descalço com um velho e
cansado Toyota Prado, provavelmente de permeio, com algumas poupanças que
conseguiu amealhar do pouco mais de 3.000 Euros de ordenado que usufria como SE
da CPLP e igualmente, uns quantos financiamentos obtidos através do forte lobby
e da franco-maçonaria portuguesa dos quais beneficia de fortes apoios.
Porém, não pode deixar de
ser surpreendente que, em pouco tempo à frente do partido, e do Governo por um
ano e poucos meses, DSP tornar-se num ápice no homem mais rico, poderoso e
abastado financeiramente na Guiné-Bissau.
Todo o financiamento,
doações, apoios logísticos, materiais equipamentos e demais formas diretas e
indiretas de financiamento ao partido, passaram a ser controlados e geridos,
diretamente por DSP, sua entourage familiar (mulher, fihos e irmão) e
amigalhaços do partido.
Esse acaparamento dos bens e
rendimentos do partido ia até a exploracão da piscina da sede do partido, a organização
de eventos e o “aluguer” de equipamentos oferecidos ao partido (aparelhos de
som e meios moveis de publicidade), feito pelos proprios filhos e até a esposa
ao proprio partido, como se de um bem familiar se tratasse (quiça esta aqui a
justificação do montante de 1.5 bilhões de francos CFA que o filho tinha num
dos bancos da praça e tantas outras fortunas nas contas da filha e da mulher,
nos vários bancos da praça de Bissau e em Portugal)
E, não se esqueçam
igualmente do famoso negócio de aluguer de quatro camiões à CMB pelo valor de
75.000 milhões de francos CFA ???,... camiões esses compulsivamente retirados
de forma pouco ortodoxa a um ex-sócio português, posteriormente registados em
nome do filho que, sem qualquer razão ou aquisição passou a ser proprietario
dos ditos camiões... isto porque, o “tuga”, ameaçado na sua integridade e
coagido, não piou e nem ousou voltar a Bissau para reclamar esses bens...,
alias, o José Carlos Esteves amigaço do DSP, fazia parelha dessa sociedade de
chico-espertos e sabe toda a história.
Do meu ponto de vista, como
militante, custa-me a compreender, como um líder recém chegado à liderança de
um partido como o PAIGC e, com apenas um ano e poucos meses de passagem pelo
Governo ser, repentinamente, considerado o “Senhor Ricaço” de Bissau, comprando
e acumulando riquezas de forma escandalosa.
A titulo de exemplo, passo a
citar, a compra (em pleno golpe do resgate), de um terreno nobre no centro da
cidade de Bissau (em frente ao saudoso Coronel Manuel S. Costa) antiga
propriedade do falecido Abel Incada, por um valor de 420 milhões de francos CFA,
pagos cash ao BAO que tinha a hipoteca do terreno, a compra de um apartamento
de luxo em Sacavém-Portugal com uma área de 400m² com terraço privativo no
ultimo andar, pelo montante de 750.000 Euros pagos cash, construção ou e em
vias de acabamento de mais de seis prédios de alto standing em Bissau
espalhados pelos diversos bairros de Bissau, um Hotel em Farim (usurpando parte
de um terreno alheio contiguo de forma abusiva e desavergonhada), a compra e
título fundiário de mais de 80 talhões de terrenos entre Bissau, Alto Bandim,
Safim, Zona de Quinhamel, Brene, Ondam etc... e também, a negociata de
participação em negócios através do financiamento com caucionamento ilegal pelo
erário público, o Hotel Império do empresário Armando Correia Dias, em 600 milhões
de francos CFA, para além de facultar-lhe a saída de contentores com o recheio
total do hotel, sem pagar um cêntimo às Alfândegas..., empreendimento esse,
como se sabe, o proprio DSP e o filho, são sócios ocultos.
Também, num ato de puro
despotismo, falta de transparência, e prepotência e discricionariedade, procede
a distribuição de bens do Estado, ao irmão, familiares, amantes, concubinas e
lambe-botas, como foram os casos do prédio da cooperação francesa, prédios do
B° Internacional, Policlínica, isto, sem contar, com a ocupação abusiva e
desavergonhada de uma casa no HNSM pelo irmão, sem que tenha qualquer direito
de ocupar o imóvel.
Não ficando por aí, o “Sr
Ricaço de Bissau”, comprou uma vasta área turística no Arquipelago dos Bijagos,
visando instalar um Ressort de luxo a ser gerido pela filha (que
gananciosamente se auto-intitula nova Isabel dos Santos) e cujo ambicioso
projeto está confiado ao Arqt° Fernando Lobato, por sinal fervoroso e
incondicional apoiante de DSP.
Num espiral desenfreado de
se tornar cada vez mais rico e poderoso, à custa dos financiamentos e
utilizacão em proveito próprios dos bens do partido, DSP continua a engrossar a
sua conta bancária, da sua mulher, dos seus filhos, interna e principalmente
externamente e, aos seus fieis seguidores (p ex Filomeno Cabral, Heitor
Nancassa, entre outros...), vai distribuindo carros e equipamentos propriedade
do partido, sem dar cavaco a ninguém e sem que ousem questioná-lo, também eles
à espera, de beneficiar das benesses e favor do “Sol Maior”.
Em suma, cabe aos militantes
levantarem a voz e dizer basta aos desmandos e prepotência do DSP no Partido,
estancar a saga da perseguição e purga dos militantes que se lhe opõem no
partido e, mostrar-lhe as suas fragilidades como líder, a sua incompetência em
elevar o partido a patamares maiores, e acima de tudo não estar à altura de
dirigir com dignidade e coerência esse grande partido”.
“Recado di Camarada pa si
Camaradas”