O CRÓNICO
PROBLEMA DOS NOSSOS COMBATENTES
Bissau, 16 Set 21 (ANG) – O
Secretário de Estado dos Combatentes da Liberdade de Pátria (SECLP), defendeu
hoje que a situação dos antigos combatentes, deve, no fundo, merecer a atenção
de toda a sociedade guineense, porque gozam do estatuto dos primeiros
funcionários públicos guineenses.
Em entrevista exclusiva à
Agência de Notícias da Guiné (ANG), Augusto Nhaga defendeu que tanto o Estado
da Guiné-Bissau assim como a sua sociedade em geral, devem recordar
que os primeiros funcionários do país, antes do surgimento de Estado, são os
Combatentes de Liberdade da Pátria.
Acrescentou que,
terminada a luta de libertação nacional, muitos combatentes se isolaram, e que
até hoje os seus nomes não constam no banco de dados de Combatentes da
Liberdade da Pátria, pelo que não gozam dos seus
estatutos, não recebem os seus pensões como antigos funcionários.
“Os nossos antecessores
fizeram um trabalho muito pouco a respeito deste assunto, por isso a nossa
Direcção Administrativa está a fazer um trabalho junto da Assembleia
Nacional Popular (ANP), para promover um debate sobre estas preocupações,
e as soluções encontradas serão apresentadas ao governo para a sua
execução”, disse o responsável.
Segundo o Secretário de
Estado dos Combatentes, a dinâmica que se pretende implementar não é somente de
identificar os verdadeiros combatentes.
Disse que desde a
sua estadia na instituição também ouviu falar das pessoas que gozam dos
Estatutos de Combatente de Liberdade da Pátria mas que na verdade não os são.
“Essa situação nunca deixou
de ser a preocupação da nossa agenda de trabalho. Estamos a trabalhar no
sentido de tentar gerir bem a vida de um combatente, com a criação
de um critério justo para todos, na forma de resolução dos seus problemas, e
não privilegiar uns e abandonar outros”, defendeu Augusto Nhaga.
Para Nhaga, uma das razões
que levaram muitos combatentes a não se preocupar com o cumprimento dos
requisitos exigidos para se beneficiarem das pensões, tem a ver com as tantas
formalidades e morosidades do processo, que levou muitos deles a
desistirem de andar atrás dos seus direitos.
Quistionado sobre o número
exato dos Combatentes recenseados na primeira fase pelo Ministério de tutela,
com financiamento da União Europeia (UE), Augusto Nhaga
disse que foram recenseados cerca de 6.735 combatentes, e que menos
de 200 deles recebem através dos bancos comerciais.
“E os que recebem à
mão, estipula-se que são pouco mais de 1.900 combatentes, contando
com alguns que ainda se encontram activos nos quarteis ”, sublinhou Augusto
Nhaga.
Em relação a necessidade
de preservação das memórias da luta de libertação, o Secretáriode
Estado dos Combatentes disse que a sua instituição tentou, sem efeito, com
alguns órgãos públicos de comunicação social, a obtenção de um espaço em que os
combatentes selecionados passariam a narrar a história da luta de
libertação, para permitir que os históriadores produzirem livros que
irão servir para as gerações vindouras.
“Pena é que não chegamos a
um entendimento com os referidos orgãos, porque acharam que não podiam atribuir
espaço sem beneficiar de algum incentivo. A nossa instituição se depara com
diversos problemas, não estivemos a altura de responder as suas exigências”, contou.
Augusto Nhaga considerou de
positivo o balanço da visita realizada a zona Sul e Leste de país, e diz
que permitiu conhecer as zonas históricas da luta de libertação
nacional, e de se inteirar da vida dos combatentes que ainda se encontram vivos
nestas localidades.ANG/LLA/ÂC//SG