sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 

O CRÓNICO PROBLEMA DOS NOSSOS COMBATENTES



Bissau, 16 Set 21 (ANG) – O Secretário de Estado dos Combatentes da Liberdade de Pátria (SECLP), defendeu hoje que a situação dos antigos combatentes, deve, no fundo, merecer a atenção de toda a sociedade guineense, porque gozam do estatuto dos primeiros funcionários públicos guineenses. 

Em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné (ANG), Augusto Nhaga defendeu que tanto o Estado da Guiné-Bissau  assim como a sua sociedade em geral, devem recordar que os primeiros funcionários do país, antes do surgimento de Estado, são os Combatentes de Liberdade da Pátria.

Acrescentou  que, terminada a luta de libertação nacional, muitos combatentes se isolaram, e que até hoje os seus nomes não constam no banco de dados de Combatentes da Liberdade da Pátria, pelo que não  gozam dos seus estatutos,  não recebem os seus pensões como antigos funcionários.

“Os nossos antecessores fizeram um trabalho muito pouco a respeito deste assunto, por isso a nossa Direcção Administrativa está  a fazer um trabalho junto da Assembleia Nacional Popular (ANP), para promover um debate sobre estas preocupações, e  as soluções encontradas serão apresentadas ao governo para a sua execução”, disse o responsável.

Segundo o Secretário de Estado dos Combatentes, a dinâmica que se pretende implementar não é somente de identificar os verdadeiros combatentes.

Disse que  desde a sua estadia na instituição também ouviu falar das pessoas que gozam dos Estatutos de Combatente de Liberdade da Pátria mas que na verdade não os são.

“Essa situação nunca deixou de ser a preocupação da nossa agenda de trabalho. Estamos a trabalhar no sentido de tentar gerir bem a vida de um combatente, com a  criação de um critério justo para todos, na forma de resolução dos seus problemas, e não privilegiar uns e abandonar outros”, defendeu Augusto Nhaga.

Para Nhaga, uma das razões que levaram muitos combatentes a não se preocupar com o cumprimento dos requisitos exigidos para se beneficiarem das pensões, tem a ver com as tantas formalidades e morosidades do processo, que levou  muitos deles a desistirem de andar atrás dos seus direitos.

Quistionado sobre o número exato dos Combatentes recenseados na primeira fase pelo Ministério de tutela, com financiamento da  União Europeia (UE),  Augusto Nhaga disse que  foram recenseados cerca de 6.735 combatentes, e que menos de 200 deles recebem através dos bancos comerciais.

 “E os que recebem à mão, estipula-se que são  pouco mais de 1.900 combatentes, contando com alguns que ainda se encontram activos nos quarteis ”, sublinhou Augusto Nhaga.

Em relação a necessidade de  preservação das memórias da luta de libertação, o Secretáriode Estado dos Combatentes disse que a sua instituição tentou, sem efeito, com alguns órgãos públicos de comunicação social, a obtenção de um espaço em que os combatentes selecionados passariam a narrar  a história da luta de libertação, para permitir que os históriadores  produzirem livros que irão servir para as gerações vindouras.

Pena é que não chegamos a um entendimento com os referidos orgãos, porque acharam que não podiam atribuir espaço sem beneficiar de algum incentivo. A nossa instituição se depara com diversos problemas, não estivemos a altura de responder as suas exigências”, contou.

Augusto Nhaga considerou de positivo o balanço da visita realizada a zona Sul e Leste de país, e diz que  permitiu conhecer as zonas históricas da luta de libertação nacional, e de se inteirar da vida dos combatentes que ainda se encontram vivos nestas localidades.ANG/LLA/ÂC//SG