“Novo começo” chamado “Terra
Ranka”?
Dr. Geraldo Martins |
Tenho escutado neste prenúncio da campanha eleitoral
para as legislativas, dois papagaios saudosistas cantando, para o nosso povo,
“Terra Ranka”. Um, chama-se Muniro Conte e outro Geraldo Martins. Denota-se
neles falta de criatividade gravíssima nos seus discursos. Gira o disco e toca
o mesmo.
Têm falado no tal projecto ambicioso do governo
dominguista (DSP) que nunca fora objecto de estudo e muito menos de debate
nacional aturado, a fim de granjear a credibilidade e sustentabilidade
necessárias para o desenvolvimento da nossa terra.
Os papagaios em questão, falaram em tom de voz
melancólica recordando o facto de o Governo ter perdido a promessa de mais de
mil milhões de euros para a Guiné-Bissau na mesa redonda de Bruxelas, em Março
de 2015. Associaram sempre a essa situação, também o facto de ter sido
chumbado, em Novembro do mesmo ano, o programa do Governo, com 45 votos
favoráveis (num universo de 101 deputados) apresentado pelo ex-Primeiro-ministro
Carlos Correia.
O que eles não informam a população é de que a conta
desta situação, a sessão parlamentar deveria ser retomada no dia 5 de Janeiro
do ano seguinte (2016), mas Carlos Correia afirmara, na altura, de que o
Programa do Governo se mantém o mesmo e que o apoio da comunidade internacional
estava condicionado à aprovação deste programa. Foi então daí que, (não tendo
feito devidamente o trabalho de casa) o PAIGC de Domingos Simões Pereira deu
início à expurgação interna dos seus militantes e deputados, avisando que
posições adversas aos princípios do PAIGC seriam consideradas traição e que os seus autores (sobretudo
deputados) corriam o risco de serem não só sancionados assim como expulsos daquele
partido. O sonho tornou-se realidade!
Pergunto: como pode arrancar um país (“Terra
Ranka”), rumo ao desenvolvimento se a sua gente ainda se encontra “endemoninhado”
(mufunessa paga elis)? A resposta a esta pergunta faz-nos recordar do milagre
de Pedro e João ao mendigo na Porta Formosa em que todos correram pasmados ao
Alpendre de Salomão. Para dizer aos dois papagaios do PAIGC de que não haverá
dinheiro capaz de arrancar a nossa terra. Antes de tudo, esperemos por milagre
de organização do nosso povo com dignidade. Por preço algum trocaremos os
nossos rios, a biodiversidade e a cultura. Recusamos o papel de pedinchão. Queremos um Pedro e João - personalidades que terão dado vulto a Amílcar Cabral - que forem também para que os ossos dos pés do mendigo coxo se fortaleçam e que se ergam dê um salto, ficando de pé e comecem a caminhar, com as suas próprias cabeças.
Todos sabemos que não é de hoje que a nossa Guiné
vem beneficiando de ajuda estrangeira. Qual novo começo, qual quê? “Terra
Ranka” quanto a mim é mais uma tentativa para a conspiração neocolonialista. Plutarco
(filósofo grego), dizia: “o tempo é o mais sábio dos conselheiros”. Tivemos a ocasião de testemunhar que o recurso à tropa estrangeira no conflito político-militar de 7 de Junho
de 1998. Da mesma forma não podia dar certo a missão militar angolana na
Guiné-Bissau (Missang) que depois acabou por se retirar do nosso país, passado
um ano (Junho de 2012), etc.. Na verdade o guineense recusa o papel de mendigo coxo.
"MUFUNESSA LARGA GUINÉ..."