Senhor
General Úmaro Sissoco Embaló
Presidente
da República
Excelência,
Antes
de mais, quero reiterar a minha profunda amizade e estima por si, a qual julgo
ter demonstrado ao longo dos anos. Tenho e sempre terei por si uma enorme
gratidão e reconhecimento.
Quero
que saiba que o meu expresso apoio à Direcção do MADEM-G15 coordenada por Braima
Camará é uma decisão baseada na coerência e na defesa da legalidade.
Sempre
defendi a necessidade de se promover uma reunião dos órgãos estatutários do
MADEM para cara-a-cara os problemas fossem colocados em cima da mesa e permitir
assim não só debatê-los, como igualmente, encontrarmos sempre as soluções mais
adequadas e consentâneas para salvar um projecto de crucial importância para a
Guiné-Bissau.
Este
duelo dentro da família MADEM-G15 vai ter custos incalculáveis para os que
acreditavam na força e nos objectivos que defende para a sociedade guineense,
porque era e é um porto seguro para muitos como eu, que por problemas que
viveram no seio do PAIGC, encontraram um espaço onde poderiam a dar a sua
modesta contribuição ao serviço do país.
A
realização do dito Congresso Extraordinário para além de não ter sido realizado
em plena conformidade com os Estatutos, foi uma acção forçada e ditada por
interesses alheios ao MADEM-G15, porque se os seus mentores estivessem
absolutamente certos de terem ao seu lado uma maioria no seio dos órgãos
estatutários nada obstava que as mesmas fossem convocadas, para mais tendo um
suporte de uma subscrição com mais dos mil exigidos pelos Estatutos e na
sequência delas todas as medidas correctivas poderiam ser tomadas, inclusive, a
substituição do actual Coordenador Nacional, que seriam de per di actos legais
e normais para a vida de qualquer força política.
Como
tive oportunidade de sustentar por algumas ocasiões nas diferentes reuniões em
que participei na Presidência da República, sempre defendi e continuo a
defender, que os problemas, existindo, quaisquer que sejam os interesses que
eles comportam, devem ser discutidos com frontalidade entre os diferentes
interesses envolvidos.
A
realização deste dito e para mim anti-estatutário Congresso Extraordinário só
serviu para servir interesses alheios aos que o MADEM-G15, enquanto força
política procura, baseado na sua unidade e na sua coesão. Ele veio dividir a
nossa família política, embora respeite as opções que cada um assume e peço
desculpas aquém se sentir beliscado com.estas minhas observações, pois a
liberdade de pensamento e de acção é um elemento de crucial importância para a
democracia.
Excelência,
meu Presidente,
Espero
que compreenda a minha opção, determinada por força da minha maneira de ser e
de estar, sempre pautada no respeito pela legalidade, transparência, disciplina
e assente naquilo que entendo por ética e moral.
Outrossim,
depois de cinco dezenas de anos de militância activa no PAIGC, foi o meu amigo
e camarada Úmaro Sissoco Embaló, quem me chamou um dia, na presença de alguns
camaradas e velhos companheiros de luta no seio do Partido Libertador, para me
convidar, face aos problemas que enfrentava no seio desta grande e respeitável
força política, a juntar-me ao MADEM-G15 onde se encontravam alguns dos meus
verdadeiros amigos e parceiros políticos de longa data.
Perante
esta chamada e pelas afinidades políticas e não só uni-me de força e coração ao
MADEM-G15 e onde encontrei um espaço político consentâneo com a minha visão
política e ideológica com a vantagem de ter como Coordenador Nacional um
camarada aquém me une uma grande amizade de anos e com o qual tive a grande
honra de ter participado no Congresso de Cacheu fazendo parte da sua equipa e
cuja afinidade política se manteve e foi reforçada ao longo de todos estes
anos.
Há
ainda a recordar, eu devo a minha vida ao Braima Camará, pois foi ele quem
salvou ambas as nossas vidas num momento político crítico, dos muitos que
infelizmente o nosso país já registou ao longo dos seus 50 anos de
independência.
Espero
que compreenda as minhas razões e as minhas opções, ditadas pelo meu ardente
sonho de ver a família MADEM-G15 unida, coesa e solidária. Talvez um dia, com a
ajuda de Deus, isso venha a concretizar-se. Basta colocarmos os superiores
interesses do país sobre os nossos interesses pessoais.
Respeitosamente,
António Óscar Barbosa "Cancan"