sexta-feira, 7 de novembro de 2025

 

Os Contornos Ocultos
 da
Conspiração do Golpe Militar

A prisão de militares da etnia balanta estava, afinal, relacionada a um plano sinistro do regime de Sissoco, que tinha como objetivo criar tumultos na capital, gerando pânico na população, especialmente para amedrontar e deter líderes e candidatos opositores ao regime.

O General Horta Intá, comandante do Exército, seria o fiel executor desse plano nefasto do regime de Sissoco. Para a execução do plano, o General Intá convocou o Coronel Júlio Na Kidanqui, que ocupava o cargo de chefe de Operações do Exército, para dar andamento ao plano. O Coronel Júlio, um militar competente e bem formado em uma prestigiosa academia militar, recusou a solicitação do seu superior hierárquico, afirmando que apenas cumpriria ordens se a missão fosse pela defesa do território, bandeira pela qual jurou dar a sua própria vida, como determina a Constituição da República.

Houve, inclusive, uma troca de palavras muito azedas entre os dois oficiais do Exército. Entretanto, no dia seguinte, Júlio recebeu uma notificação verbal para se apresentar no Estado-Maior das Forças Armadas. Sem hesitar, e no mesmo instante, pegou sua viatura e dirigiu-se a Amura, tendo avistado o oficial designado, que negou tê-lo convocado. Júlio retrocedeu. Antes de chegar à sua casa, em QG, recebeu outra chamada, que o informou de que, na verdade, a notificação havia sido mal direccionada e que o local correto era no Palácio da República. A reacção de Júlio foi imediata:

- Eu conheço os meus superiores hierárquicos directos. Eles estão no Exército e no Estado-Maior, nunca no Palácio da República!

Logo em seguida, começou a receber chamadas de amigos avisando sobre um plano para sua detenção. Como já desconfiava de uma perseguição, decidiu não voltar para casa. Simplesmente desapareceu, deixando seu veículo em Antula e, posteriormente, comunicou a seus subordinados para tomar providências para a recuperação da viatura.

Coba di djanfa ta kobadu largo!