Os Contornos Ocultos
da
Conspiração do Golpe
Militar
A
prisão de militares da etnia balanta estava, afinal, relacionada a um plano
sinistro do regime de Sissoco, que tinha como objetivo criar tumultos na
capital, gerando pânico na população, especialmente para amedrontar e deter
líderes e candidatos opositores ao regime.
O General Horta Intá, comandante do
Exército,
seria o fiel executor desse plano nefasto do regime de Sissoco. Para a execução
do plano, o General Intá convocou o Coronel Júlio Na Kidanqui, que ocupava o cargo de chefe de Operações do
Exército, para dar andamento ao plano. O Coronel Júlio, um militar
competente e bem formado em uma prestigiosa academia militar, recusou a
solicitação do seu superior hierárquico, afirmando que apenas cumpriria ordens
se a missão fosse pela defesa do território, bandeira pela qual jurou dar a sua
própria vida, como determina a Constituição da República.
Houve,
inclusive, uma troca de palavras muito azedas entre os dois oficiais do
Exército. Entretanto, no dia seguinte, Júlio recebeu uma notificação verbal
para se apresentar no Estado-Maior das Forças Armadas. Sem hesitar, e no mesmo
instante, pegou sua viatura e dirigiu-se a Amura, tendo avistado o oficial
designado, que negou tê-lo convocado. Júlio retrocedeu. Antes de chegar à sua
casa, em QG, recebeu outra chamada, que o informou de que, na verdade, a
notificação havia sido mal direccionada e que o local correto era no Palácio da
República. A reacção de Júlio foi imediata:
-
Eu conheço os meus superiores hierárquicos directos. Eles estão no Exército e
no Estado-Maior, nunca no Palácio da República!
Logo
em seguida, começou a receber chamadas de amigos avisando sobre um plano para
sua detenção. Como já desconfiava de uma perseguição, decidiu não voltar para
casa. Simplesmente desapareceu, deixando seu veículo em Antula e,
posteriormente, comunicou a seus subordinados para tomar providências para a
recuperação da viatura.
Coba di djanfa ta kobadu largo!