CONHEÇO BEM a Guiné-Bissau. O país e muitos dos seus protagonistas políticos. Por isso quando vejo o antigo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, vulgo "Cadogo", apresentado em Lisboa como exemplo das virtudes democráticas e da legalidade, o mínimo que posso fazer é sorrir. Convém ser claro e directo: "Cadogo" representa o pior da Guiné-Bissau, personifica a corrupção, as negociatas onde os seus interesses pessoais se sobrepõem a qualquer outro, as "chapeladas" eleitorais, a venda a retalho de um país, pouco se importando com o bem-estar do seu povo. Esse é o verdadeiro "Cadogo", o sócio dos plutocratas angolanos, das empresas portuguesas e sabe-se lá mais de quem... Foi com ele no poder que a Guiné-Bissau escancarou as portas ao narcotráfico e que a tribalização minou os frágeis alicerces de um estado já há muito debilitado. É esse "Cadogo" que, com o descaramento e impunidade próprios de quem sente as costas quentes e de quem está habituado à fraude eleitoral, proclama a sete ventos que "desta vez irei ganhar as eleições com 80 por cento do votos". Uma frase que diz tudo, que denuncia as intenções de um vulgar "batoteiro" habituado a jogar com as cartas viciadas... É este o candidato de um certo poder político português, sempre curvado e venerando perante os interesses económicos e expansionistas de uma Angola, e que sacrificou uma estratégia de defesa da língua e do espaço lusófono às tropelias e negociatas de um bando de meliantes a quem a política não passa de um meio para, tanto cá como por lá, encherem os bolsos à custa de um país abandonado à sua sorte.