quarta-feira, 2 de julho de 2025

 

PROTESTOS NA RUA?

Vamos reflectir um pouco sobre a impossibilidade de esperar que o povo guineense tenha sempre a mesma atitude de manifestações de rua, como se observa nos países vizinhos do Senegal, Guiné-Conacri, Togo, Camarões e outros. Atualmente, nesses países, o nível social e cultural da população é consideravelmente elevado. Em contrapartida, essas nações não lutaram com armas na mão pela independência. A maior parte dos países francófonos, com exceção da Argélia, alcançaram uma independência condicionada pela potência colonial, que era a França, resultando no que se pode denominar autonomia política.

No caso da Guiné-Bissau, a mentalidade do povo apresenta-se distinta. Para além da predominância da cultura tradicional no pensamento popular, observa-se a ausência de uma classe média, e a mentalidade urbana é escassa e atrasada. O sistema de ensino vem deteriorando a qualidade na Guiné-Bissau, o que implica que o desempenho escolar seja fraco. Considerando todas essas circunstâncias, o povo da Guiné-Bissau já experimentou todo tipo de violência armada, iniciando-se pelos onze anos de luta armada contra o colonialismo, passando pelos golpes de estado e assassinatos de altas figuras públicas. O nosso país continua a ser habitado por um povo guerreiro, silenciado pela violência armada. Na Guiné-Bissau, tudo é levado aos extremos. A polícia da ordem pública, em vez de dispersar as manifestações do povo nas ruas com balas não letais, utiliza as verdadeiras, como se estivesse em combate contra o inimigo. A atuação das forças da ordem em Moçambique contra as manifestações pós-eleitoral, é um exemplo claro de como, em alguns países africanos, as ditas elites políticas são capazes de transformar seu próprio povo em inimigo (juramentado de morte), ainda que sem a intervenção das forças armadas.

Fonte: Anónima