CPLP: RECADO VELADO A SISSOCO EMBALÓ
Os
chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) destacaram hoje, em Bissau, a urgência de fortalecer mecanismos de
prevenção de conflitos, reiterando o compromisso com eleições regulares e
instituições democráticas nos países-membros.
Durante
a declaração conjunta aprovada na Guiné-Bissau — país que assume a presidência
rotativa da organização pelos próximos dois anos — os líderes lusófonos
expressaram profunda preocupação com as crescentes tensões geopolíticas e
apelaram ao fortalecimento do multilateralismo como ferramenta essencial de
diálogo internacional.
A
resolução final enfatiza que a resposta coletiva deve se basear na diplomacia
ativa, valorizando a interdependência entre segurança e desenvolvimento
sustentável. Os líderes da CPLP também manifestaram inquietação frente a
múltiplos conflitos e crises humanitárias, cujos efeitos devastadores se
refletem na violação de direitos fundamentais, como a vida, segurança
alimentar, migrações forçadas e destruição de infraestrutura civil.
Em matéria de governança, a conferência
congratulou-se com a realização de eleições regulares em diversos
Estados-membros, sublinhando a importância do contínuo aperfeiçoamento das
instituições eleitorais. Tais instituições são consideradas pilares da legitimidade
democrática, essenciais para a defesa dos direitos humanos e a consolidação do
Estado de direito.
O
documento, aprovado na capital guineense — onde o parlamento permanece
inoperante desde a sua dissolução em dezembro de 2023 — foi visto por muitos
como uma mensagem indireta ao Presidente Umaro Sissoco Embaló, dado o impasse
político interno e as controvérsias sobre o calendário eleitoral que, segundo a
oposição, viola a Constituição.
A
CPLP também saudou o envio de uma missão de observação eleitoral às eleições
gerais em Moçambique, que foram marcadas por protestos devido a alegadas
irregularidades no processo e deixaram centenas de mortos. Em relação à
província de Cabo Delgado, a organização reafirmou apoio aos esforços de
pacificação, apelando à comunidade internacional para uma atuação coordenada na
estabilização da região afetada por ataques extremistas.
Além
disso, foi ressaltado o crescente protagonismo internacional da CPLP, com
destaque para o fortalecimento de vínculos com as Nações Unidas, suas agências
especializadas e organizações regionais, visando consolidar a posição da
comunidade como ator relevante no cenário global.
Por
fim, os representantes manifestaram apoio a uma reforma abrangente das Nações
Unidas, especialmente no Conselho de Segurança, para ampliar a
representatividade de regiões como África, América Latina e Ásia-Pacífico.
A
conferência foi precedida por diversas reuniões técnicas e diplomáticas,
incluindo encontros do Conselho de Ministros, Comitê de Concertação Permanente,
Conselho de Segurança Alimentar e pontos focais da organização.
A
CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Bissau,
18 de julho de 2025
Por
DMG TV Digital Mídia Global TV