MIGRAÇÃO E FUTURO DA CPLP
O
Presidente de Angola, João Lourenço que também é presidente da União Africana,
visita Portugal esta semana e admite que a acção do Governo português pode pôr
em causa o futuro da CPLP. “Vamos trabalhar todos em conjunto” para o evitar…
As novas disposições legais sobre a
imigração propostas pelo Parlamento, por iniciativa do Governo de Luís
Montenegro, não caíram bem entre os outros Estados-membros da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa (CPLP). E se Portugal já sabe
que o Brasil pretende aplicar a reciprocidade em relação aos portugueses, vai
saber agora de viva voz como essa decisão foi sentida em Luanda quando o
Presidente angolano, João Lourenço, chegar na sexta-feira para uma visita
oficial de três dias a Portugal.
"De
facto, existe algum incómodo. O Brasil teve a coragem de manifestar já esse
mesmo incómodo. Nós, até aqui, não dissemos nada, mas é evidente que estamos a
seguir a evolução da situação com muita atenção", afirmou João Lourenço.
Admitindo
que cada país é soberano para definir as regras de quem passa nas suas
fronteiras e aí pretenda residir e trabalhar, Lourenço lembra que um país com
uma história tão longa de emigração deveria pensar melhor antes de fechar as
suas portas aos que imigram para Portugal.
"Você só recebe na sua casa quem
você quer”, mas Portugal “é um país de cidadãos que emigram bastante e que não
é de hoje”. Logo, se “os portugueses emigraram para todo o mundo, o mínimo que
a gente exige é que Portugal não trate os imigrantes que escolheram Portugal
como um destino para fazerem suas vidas de forma pior do que foram tratados nos
países que os acolheram ao longo dos anos", sublinhou o
chefe de Estado angolano.
Na
entrevista, Lourenço admite que irá falar do assunto nos contactos ao mais alto
nível, não só em nome de Angola, também "em nome de todos os
africanos", porque não nos podemos esquecer de que ele é, nesta altura, o
presidente em exercício da União Africana. Ao mesmo tempo, lembrará igualmente
os compromissos assumidos por Portugal em termos da CPLP e os riscos que uma
decisão destas pode trazer para o futuro da comunidade.
Fonte: Bissau On-line