NAUFRÁGIO
DO “TERRA RANKA”
No dia 25 de Março de 2015, saiu de
Bissau, comandado por Simões
Pereira e recheado de projectos megalómanos para apresentar na Mesa
Redonda de Bruxelas. Apesar da data tardia para apanhar ventos de feição, o
comandante partiu ciente dos riscos e com a esperança que Deus evitasse males
maiores para a sua tripulação e, principalmente, para a sua esposa e filhos. A
bordo iam também os diplomatas E.H. Blaise Diplo Djomand, ex-Representante
Especial de ECOWAS para a Guiné-Bissau; Ovídio Manuel Barbosa Pequeno,
Representante da União Africana para a Guiné-Bissau; o Eng.º Cipriano Cassamá,
Presidente da ANP; o Dr. Camilo Simões Pereira, irmão do comandante e piloto da
nave Terra Ranka, o senhor Simões Pereira;
entre outros seguidores e curiosos.
Os ventos, porém, não sopravam na direcção
desejada e as velas ruins do barco tardavam em levar a embarcação ao Cabo da Boa Esperança, o que motivou Simões
Pereira a aproximar o Terra Ranka da costa, de forma a arribarem em Dakar/Senegal.
Nessa altura, uma tempestade furiosa partiu ao meio o leme e
rasgou as velas da embarcação. Perante este cenário, o comandante ordenou a
construção de um novo leme e novas
velas, com as
madeiras e com as roupas que existiam a bordo a servirem de matéria-prima para
os “marinheiros” desesperados. Entretanto, cortaram o mastro da proa que estava
a abrir a nau e a levar o barco ao fundo.
A ventania e
a força das marés começaram a empurrar para terra o desgovernado Terra
Ranka que só por milagre se aguentou sobre as ondas. Simões Pereira ordenou
então que uma pequena embarcação das naus, cheia de militantes destemidos,
fosse à praia mais próxima para descobrir um sítio onde encalhar o Terra Ranka.
Após o retorno dos militantes remadores e com a informação de que existiam
condições para lançar a âncora, o comandante calculou poder desembarcar toda a
gente para terra e recolher as armas e mantimentos. Assim, Simões Pereira, juntamente com a
mulher, os filhos e mais vinte militantes, alcançaram Lisboa.
Logo a
seguir, o vento voltou a soprar com tanta intensidade que três pequenas
embarcações se perderam nas águas, arrastando consigo todos os seguidores seus que
transportavam. Após três dias nas terras do Fim-do-mundo, o Terra Ranka desceu
para o fundo do mar agitado, ficando-se o número dos sobreviventes por contar.
Apesar do cenário dantesco, a tragédia estava só a começar.