EX.MO SR. MINISTRO DO RESGATE BANCÁRIO DE 2015, DR. GERALDO MARTINS
CONCLUSÃO
DA MISSÃO DO FMI A GUINÉ-BISSAU, Departamento
de Comunicação do FMI a 10
de Maio de 2019.
Declaração
de Tobias Rasmussen:
“A situação orçamental da
Guiné-Bissau continua sob stress. Primariamente devido a despesas mais elevadas
do que o previsto, o défice público em inícios de 2019 ultrapassou
significativamente a meta do projecto de orçamento. O défice foi também
significativamente superior ao período homólogo de 2018, ano em que se estima
ter atingido 5,1% do PIB, numa base de compromissos. Simultâneamente cresceram
as pressões sobre o financiamento, resultando num crescente saldo de contas por
pagar.
No actual rumo, estima-se o
diferencial de financiamento para 2019 em cerca de 3% do PIB. Embora uma maior
produção de caju deva ajudar a fazer aumentar o crescimento do PIB real dos
estimados 3,8%, em 2018, para cerca de 5%, em 2019, preços inferiores de caju
implicam riscos de queda da actividade económica e da cobrança de receita
pública.
As conversações incidiram
sobre passos tendentes a assegurar a sustentabilidade orçamental e reforço da
gestão das finanças públicas. Para reduzir o défice, garantir o pagamento
tempestivo de salários e outras obrigações, assim como estancar os aumentos da
dívida pública, será necessária uma combinação abrangente de mobilização
acrescida de receita, contenção da despesa e identificação de financiamento
adicional. Um primeiro passo para tentar fazer regressar o défice aquém do
critério UEMOA de 3% do PIB, tão cedo quanto possível, seria fazer reviver o
Comité de Tesouraria - o que ajudaria a controlar a despesa - após o que o
Governo a ser constituído, o que ainda não aconteceu a jusante das eleições de
10 de Março, terá que fazer aprovar um orçamento para 2019.
As trocas de impressões incidiram ainda sobre a
evolução do sector financeiro, onde se registou um avanço encorajador no
sentido da resolução dos litígios relacionados com o resgate bancário de 2015,
cancelado pelo Governo. A incerteza associada e os desafios em sede de
capitalização impediram durante vários anos o desenvolvimento do sector
financeiro, constituindo um factor importante subjacente ao declínio do crédito
bancário à economia, registado em 2018. Estão agora a avançar de forma célere
planos no sentido de uma resolução amigável do litígio e concomitante
recapitalização de um dos bancos que, se concluídos com sucesso, representariam
um apoio relevante à estabilidade financeira e crescimento a longo prazo.
As autoridades expressaram o
seu marcado interesse num programa apoiado pelo FMI. Condicionalmente à
adopção, nos meses vindouros, de robustas medidas estabilizadoras da situação
orçamental, a missão poderia regressar a Bissau em Setembro para conversações,
sobre um novo acordo Facilidade de Crédito Alargado, com o Governo a ser
constituído.
A missão do FMI deseja
expressar às autoridades a sua gratidão pelas conversações construtivas e
calorosa hospitalidade recebida.”
De recordar que o corpo técnico do FMI reuniu nessa Missão, com o Presidente da
República, José Mário Vaz, com o Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças,
Aristides Gomes, com a Directora Nacional do Banco Central dos Estados da
África Ocidental (BCEAO), Helena Nosolini Embaló, com o Presidente do Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões
Pereira e ainda com outros altos funcionários, bem como com representantes do
sector privado e da comunidade de doadores.