Guiné-Bissau: Campanha do caju arranca com vigilância reforçada
A campanha de comercialização do caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau, começa este sábado. Fronteiras são reforçadas com fiscais e inspectores para impedir a "fuga" da castanha.
A campanha de comercialização do caju, principal produto de exportação do país e da qual depende mais de 50% da população guineense, tem início este sábado (30.03), com o preço mínimo de referência para o agricultor fixado em 500 francos cfa (0,76 euros).
O valor foi fixado esta semana pelo Executivo guineense, que decidiu também fixar a "base tributária em 1.222 dólares [cerca de 1.084 euros] por tonelada".
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu à Guiné-Bissau para realizar uma campanha de comercialização de caju transparente e concorrencial, assegurando um preço de referência consistente com o praticado no mercado internacional.
Travar a saída ilegal
Este sábado, o ministro guineense do Comércio, Vicente Fernandes, afirmou que vai reforçar as fronteiras terrestres do país com inspectores e fiscais para impedir a "fuga" de castanha de caju do país.
"Vamos por equipas de inspectores e fiscais no terreno, sobretudo nas zonas mais próximas da fronteira, para controlar a fuga da castanha para o Senegal, que é um país que exporta, mas não tem produção", afirmou Vicente Fernandes.
"Isso significa que é da nossa produção, que infelizmente devido à porosidade da nossa fronteira transpõe e acaba por beneficiar a sua economia em resultado da nossa incapacidade de proteger o nosso produto e a nossa economia", explicou o ministro.
Para acautelar a saída ilegal de castanha de caju pela fronteira terrestre, o ministro do Comércio já teve um encontro com o ministro do Interior, Edmundo Mendes, para ser definida uma colaboração mais estreita.
"Vamos reforçar mais a vigilância nas fronteiras e contar com a colaboração das autoridades militares e paramilitares para estancar esta hemorragia e permitir que a exportação aconteça, como a lei determina, e que o escoamento seja feito por via marítima através do porto de Bissau", disse.
Questionado sobre a quantidade de castanha de caju que passa ilegalmente pela fronteira terrestre, o ministro disse que em 2018 foram cerca de 50.000 toneladas
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, defendeu este sábado que é necessário investir na promoção da fileira do caju do país e que os exportadores já têm uma "ideia clara" da nova taxa de promoção daquele produto.
"É uma taxa de 15 francos cfa (cerca de dois cêntimos de euro) por quilograma de caju, que vai permitir fazer funcionar a estrutura de regulação do setor do caju, que é a Anca (Agência Nacional do Caju), e ao Governo constituir o fundo de promoção", afirmou Aristides Gomes. O primeiro-ministro falava aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento oficial da campanha de comercialização e exportação do caju, que decorreu no centro de transformação daquele produto, na zona industrial de Brá, em Bissau.
A nova taxa de sobrevalorização do caju tem sido contestada pelos exportadores, que são contra parte do dinheiro ser entregue à Anca, que, segundo o presidente da Associação de Exportadores do país, Mamadu Jamanca, não tem prestado contas.
Segundo o primeiro-ministro, a nova taxa vai permitir tratar os pomares e a criação de fundo para facilitar a obtenção de crédito junto dos bancos aos empresários que participam na campanha.