CONFUSÃO DE GAIO MARTINS B. GOMES
Há
um enunciado teórico de um apoiante do regime de Sissoco Embaló, de nome Gaio
Martins Batista Gomes, que afirma que nós confundimos democracia com eleições,
o que é uma ilusão perigosa. Ele mencionou que a democracia não é um meio para
alcançar desenvolvimento. Que ela (a democracia) “é o último estágio de
maturidade institucional, social e cultural”, desde quando?
Para
isso, ele trouxe à tona o caso da Inglaterra, como modelo político do regime de
Sissoco Embaló. Gaio Martins Gomes defendeu que a Inglaterra chegou ao
parlamentarismo moderno (democracia), um estágio avançado, depois de séculos de
monarquia absoluta, guerras civis, revoluções, reformas lentas, concentração de
poder, e só, muito depois, distribuição desse poder. Na visão distorcida do
sissoquiano Gaio, a Democracia surgiria no fim do processo político. O que não
deixa de ser uma inverdade.
O
Gaio sissoquiano não pode saber e nunca saberá que a humanidade passou por
várias formas de governo, resumidamente, desde a monarquia até a república, que
começou em 1789, com a Revolução Francesa. Ele não sabe e nunca saberá que numa
monarquia, forma de governo mais antiga, o poder é ocupado por um monarca
(rei/rainha ou imperador/imperatriz) que é o chefe de Estado, podendo também
ser chefe de governo. Ou que ao monarcas mantêm-se em tais cargos até o fim de
vida ou abdicação. Enquanto na República, depois da Revolução Francesa, o chefe
de Estado é eleito democraticamente por um determinado período de tempo.
O sissoquiano Gaio tomou a liberdade de opinar sobre esta matéria porque é assim que o seu mentor Sissoco pensa. O Gaio não sabe que o mundo mudou desde 1789, no final do século XVIII, com a Revolução Francesa, onde antigos ideais (formas de representação por via de sangue) da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Para o conhecimento do senhor Gaio, a primeira República Francesa, governo através de eleições democráticas, viria a ser proclamada em 1792, e o monarca Luís XVI foi executado no ano seguinte.
O Gaio também não sabe que a forma de governo republicano, a partir desse período, começou a se instaurar no mundo inteiro e em cada país existe um registro histórico próprio.
No
nosso caso, Guiné-Bissau, a estrutura governamental republicana, ou seja, a
representação política por meio do voto popular, teve início com a luta armada
pela libertação nacional, na qual o PAIGC conduziu o derrube do colonialismo
português e estabeleceu um sistema de representação política através do voto
(eleições). A forma de governo adotado é vanguardista e progressista, nunca por representação política por indivíduos de sangue real (monárquicos
ou tribalistas), ou herdeiros de linhagens hereditárias diretas ou
descendentes colaterais, como era a ambição do regime despótico de Sissoco
Embaló.