sábado, 28 de novembro de 2015

CASAMENTOS INFANTIS EM ÁFRICA PODEM DUPLICAR ATÉ 2050

O número de casamentos infantis em África aumentará dos 125 milhões atuais para cerca de 310 milhões em 2050 se os governos não fizerem nada a esse respeito, alertou esta quinta-feira a UNICEF num relatório apresentado durante uma cúpula da União Africana (UA) sobre mulheres, na Zâmbia.
 
A lentidão da luta contra o casamento infantil e o aumento demográfico da população são as principais causas do aumento previsto para África, ao contrário do resto do mundo, onde haverá uma queda dos casamentos de crianças de ano para ano.
 
Em 2050, África superará o sul da Ásia como a região com maior número de mulheres entre 20 e 24 anos que se casaram quando eram ainda meninas, aponta o relatório «Um perfil do casamento infantil em África».

«O casamento infantil gera normas que são cada vez mais difíceis de anular, normas que solapam o valor das nossas mulheres», declarou a presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma. «Com mais consciência e mais colaboração podemos erradicar o casamento infantil», acrescentou.
 
A percentagem de mulheres jovens que se casaram quando eram meninas caiu 44% em 1990 para 34% na atualidade. No entanto, como o número de meninas na região aumentará de 275 milhões hoje para 465 milhões em 2050, o número de casamentos infantis aumentará de forma substancial.
 
A probabilidade de uma menor de classe baixa se casar é muito mais alta hoje que há 25 anos, segundo assinala o relatório.
 
«Terminar com o casamento infantil requer levar às meninas mais pobres e marginalizadas educação de qualidade e proteção. As suas vidas e o futuro das suas comunidades estão em jogo», assinalou o diretor-executivo da UNICEF, Anthony Lake.
 
O casamento infantil está relacionado com a diminuição de uma vida saudável: as meninas têm mais tendência a ser vítimas da violência, infetam-se mais com o VIH e os filhos concebidos em casamentos infantis têm maior risco de mortalidade.
 
A UA iniciou em maio passado uma campanha continental para erradicar o casamento infantil e um plano de ação para os governos a fim de reduzir as taxas de saúde. Propôs ainda um aumento do registo de nascimento das meninas, o acesso a uma educação de qualidade e a serviços de saúde reprodutiva, o fortalecimento e a aplicação de leis e políticas que protejam os seus direitos e a proibição do casamento até aos 18 anos. Fonte: Aqui