terça-feira, 17 de novembro de 2015

Programa do Governo: PARLAMENTO SERÁ PALCO DE DISPUTAS PELO CONTROLO DO PAIGC

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O futuro do governo liderado pelo Eng. Carlos Correia será decidido na próxima sessão parlamentar que começa a 20 de Novembro em curso. Fonte da Assembleia Nacional Popular garante que o programa do executivo será discutido no final da sessão, provavelmente em Janeiro de 2016. A batalha no Parlamento promete ser muito renhida e movimentada. Neste momento, a máquina do partido liderado pelo ex-Primeiro-Ministro, Engenheiro Domingos Simões Pereira, está aquecer-se e cada deputado é visualizado à lupa visando a viabilidade do executivo do “velho” Correia.
 
Apesar da sua maioria de 57 deputados na “casa do povo”, o partido libertador não está em condições de assegurar a aprovação do Programa do governo e Orçamento Geral de Estado sem o apoio da segunda maior força política, o Partido da Renovação Social (PRS) que conta com 41 assentos na ANP. As já conhecidas divisões internas no PAIGC, agudizadas com a recente crise política que pariu o actual governo, não facilitam as coisas. As conversas nos bastidores mostram claramente que a “chama de guerra” ainda está acesa para muito tempo. Depois do fracasso em viabilizar o governo de Baciro Djá, a sensibilidade liderada por Braima Camará, leal ao Presidente da República José Mário Vaz, não esconde o seu plano de inviabilizar o programa do governo.
 
O grupo acredita numa dissidência significativa na bancada maioritária. No círculo de Braima Camará, o voto favorável de pelo menos 10 deputados é tido como dado adquirido, o que reduziria a bancada para 47 deputados. De acordo com um dos elementos da referida sensibilidade, a parte dissidente pode crescer mais em função da evolução do debate no Parlamento.

“Não estou a ver a possibilidade de a ala de Domingos Simões Pereira viabilizar o programa no Parlamento. Tudo indica que o PRS vai se abster em bloco”, afirma a mesma fonte. Na realidade, o grupo opositor à direcção de Simões Pereira abrange figuras importantes do partido, tais como Soares Sambú, Baciro Dja (líder de um governo que durou menos de 48 horas), Abel da Silva, Luís Oliveira Sanca, Tumane Mané, Aristides Ocante da Silva, Rui Diã de Sousa, Isabel Buscardine, Marciano Silva Barbeiro, entre outros. O real objectivo do grupo não se limita ao derrube do governo por via parlamentar, estes dissidentes pretendem ainda retirar a liderança do partido das mãos de Domingos Simões Pereira que cada vez mais é tido como o “inimigo comum”. As mesmas figuras, responsabilizam Domingos Simões Pereira, pelo clima de divisão que abala o PAIGC desde o congresso de Cacheu.
 
“As decisões são tomadas pelo líder do partido, consultando apenas os seus amigos e elementos da sua sensibilidade”, explica a fonte, citando o caso relativo à decisão do Presidente da República em demitir o anterior governo. Na altura adiantou a fonte, o envio do nome do líder do partido ao Presidente da República, não foi objecto de debate no órgão competente, nesse caso o Bureau Político. Apenas, disse, DSP consultou o seu clã directo.
 
Na perspectiva da próxima sessão parlamentar, os protagonistas de cada ala foram vistos no leste do país, concretamente em Gabú, em contactos com as bases do partido. O objectivo é garantir o apoio de deputados através das pessoas influentes nos seus respectivos círculos. De acordo com as nossas fontes, a compra de consciências é o principal instrumento utilizado nesse combate político pelo controlo do PAIGC. A guerra aberta entre Domingos Simões Pereira e Presidente José Mário Vaz, terá no Parlamento o seu maior teste, explica a mesma fonte para quem a disputa no Parlamento pode ser imprevisível.
 
Segundo as fontes de “O Democrata”, em caso da derrota do governo no Parlamento, a consequência é esta: O Presidente Mário Vaz formará um “governo de iniciativa presidencial” através de um entendimento entre o PRS e a facção dissidente do PAIGC. Esse cenário só é possível com o suporte forte do PRS através do mandato da sua Comissão Política, um assunto que poderá aprofundar ainda mais as divisões no partido de Koumba Yalá. Se o programa do governo tiver o apoio da maioria dos deputados, a Presidência da República e o grupo de dissidente de Braima Camará terão que assumir consequências desse novo fracasso e engajar um processo de reconciliação interna. Uma tarefa colossal para o Presidente Vaz que já alargou, num só ano de mandato, a “lista de inimigos no PAIGC”.
 
O reflexo da crise no PAIGC chega aos corredores dos renovadores. Há clivagens dentro no partido liderado por Alberto Mbunhe Nambeia embora, aparentemente com menor incidência do que no PAIGC. O posicionamento a favor de um voto abstencionista em bloco em relação ao programa de governo, não será uma tarefa fácil. Internamente, algumas vozes acusam a direcção liderada por Nambeia de falta de transparência na condução do processo que culminou na integração “precipitada” no governo de menos de 48 horas.
 
Por seu lado, a direcção do PAIGC está “confiante” em fazer passar o programa do governo no Parlamento e está em contactos com vários deputados do PRS, apesar da “frieza” que abala as duas formações políticas do PAIGC desde a demissão do governo liderado por Domingos Simões Pereira. Fonte próxima de DSP garante que o processo será complexo, mas o programa do executivo será adoptado. DSP sabe que o seu futuro político dependerá da adopção do documento. Para o maior controlo dos deputados, o partido e a bancada parlamentar já avisaram que qualquer deputado ausente na véspera do voto seria automaticamente substituído. “A decisão visa impedir que deputados fossem comprados para não votar a favor do programa do governo”, esclarece a fonte.
 
POR: REDACÇÃO