domingo, 7 de outubro de 2018

Setor de Canchungo: ADMINISTRADOR PEDE AJUDA PARA ESTANCAR ROUBO DE GADO À MÃO ARMADA

[ENTREVISTA] O administrador do Sector de Canchungo, Humberto Tavares, diz estar preocupado com a situação de insegurança de pessoas e bens naquele sector. Segundo o administrador, nos últimos tempos tem-se aumentado a prática de roubo de gado e bens materiais de pessoas, com incidência em porcos e cabras.
Relatou que a prática de roubo de animais à mão armada registada no sector de Canchungo, região de Cacheu, no norte do país, escapa ao controlo das forças de segurança que, com parcos meios de que dispõem, não conseguem combatê-la.
Preocupado com a situação, Humberto Tavares aproveitou em entrevista exclusiva ao semanário O Democrata para apelar à intervenção do governo central no sentido de ajudar as forças de segurança em meios necessários para estancar a prática e garantir a segurança às pessoas e seus bens.
ADMINISTRADOR PEDE MEIOS ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PARA ENFRENTAR GATUNOS
Humberto Tavares lembrou que roubos à mão armada no sector é uma situação que se tem alastrado desde há muito tempo, “com contornos cada vez mais desastrosos, perigosos e complicados”. Por isso defende que seja feita alguma coisa para estancar esta situação.
“Na semana passada, fomos informados que na tabanca de Canhob houve uma situação igual, de roubo de gado. Os assaltantes envolveram-se em troca de tiros com os proprietários. O assunto está sob a alçada das autoridades policiais que têm a competência para fazer investigações e seguir o rasto dos assaltantes. Neste momento está a ser feito um trabalho no terreno para depois apurar as causas”, informou.
Relatos da administração local indicam que o sector de Canchungo conta apenas com duas corporações de forças de segurança, Polícia de Intervenção Rápida e da Ordem Pública, com as quais a administração local sempre teve boa colaboração no que tem a ver com o fornecimento de meios, nomeadamente, combustível e viaturas para as operações de campo.
Humberto Tavares revelou igualmente que, para além da questão da insegurança no que diz respeito a roubo de gado e bens materiais das pessoas, também a situação de posse de terra é uma das preocupações das autoridades setoriais. O administrador lembrou que no passado recente houve uma situação de diferendo sobre a posse de terra na tabanca de Djol, mas as autoridades sectoriais não puderam fazer nada.
Sabe-se, no entanto, que o assunto já está na instância judicial, por isso pede à população que tenha calma e que aguarde o desfecho final.
Nesse sentido, Tavares exortou às autoridades nacionais para apetrecharem a polícia local em meios adequados a fim de poder fazer face às situações de roubos e conflitos por posse de terra. As populações locais também devem colaborar e denunciar junto das delegacias ou comandos setoriais da Polícia da Intervenção Rápida ou da Ordem Pública as práticas nefastas “que estão a minar a vida das comunidades locais”, e não atacar ou levantar-se em defesa própria, fazendo justiça com as suas próprias mãos.
TAVARES: “POPULARES LAMENTAM A FALTA DE INFRASESTRUTURAS RODOVIÁRIAS”
Para além do roubo de gado, do problema da posse de terra e da insegurança de pessoas e bens, o sector de Canchungo enfrenta igualmente o problema das vias rodoviárias em algumas secções, nomeadamente Djol, Tâm, Canhob, Batucar e Barra. Nestas localidades, os relatos espelham que a circulação automóvel não é boa, tendo em conta as más condições das estradas que as ligam.
“Outra situação que nos preocupa bastante enquanto responsáveis do sector, tem a ver com a falta de água potável ou canalizada na cidade inteira. Existe apenas um único fontanário onde toda a população de Canchungo apanha a água, denominado “Cum”. Outras secções do sector têm o mesmo problema de água”, referiu.
Contudo, adiantou que algumas organizações estão a fazer furos de água no quadro de projetos em algumas tabancas. “Esses projetos estão a minimizar o sofrimento das populações locais. Por isso é urgente resolver essa situação”, alertou, realçando o papel da água como um dos bens mais preciosos da humanidade.
O Administrador do Sector de Canchungo explicou durante entrevista que a cidade tinha canalização da época colonial que neste momento está obsoleta. A eletrobomba que puxava a água está inoperacional há muito tempo e a central elétrica da cidade não funciona há muitos anos.
Segundo Humberto Tavares, graças ao empenho do antigo Administrador, no ano passado e em colaboração com um fornecedor da energia, a cidade está a ter um fornecimento regular de corrente elétrica. Todavia, com uma tarifa muito cara em comparação com a tarifa praticada na capital Bissau.
ADMINISTRADOR PERSPETIVA NOVA CANALIZAÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL PARA A CIDADE
A administração está a perspectivar nova canalização de água potável na cidade para minimizar o sofrimento da população. É um trabalho que será executado por uma equipa que está a elaborar o projeto, uma vez que a empresa que fornece a energia neste momento à cidade de Canchungo não tem capacidade para fornecer água, devido à falta de uma eletrobomba com capacidade para bombear a água para a cidade.
Em termos da perspectiva para o Sector nos próximos tempos, Humberto Tavares revelou que foram identificados mais de dez problemas a nível de infraestruturas de Estado e outros serviços. De entre esses problemas, foram selecionados cinco como prioridades e dois como prioridade das prioridades, nomeadamente, a reabilitação da residência do Administrador do Sector. Isso tudo como forma de fazer a população sentir a presença do Estado e a sua dignificação.
Humberto Tavares revelou que o setor não tem habitação própria, do Estado, para aí se instalar o administrador. Muitos administradores que passaram por lá sempre arrendaram casas, pondo em risco a sua segurança. Por isso, no passado 21 de setembro a sua equipa apresentou aos parceiros do sector, ONGs e o Conselho Consultivo do sector, deputados e algumas pessoas que se identificam com Canchungo, cinco projetos que a administração local alega não ter a capacidade para executar. Humberto Tavares pretende, com essa abertura aos parceiros da administração local, permitir que cada entidade identifique, na medida das suas possibilidades, em que pode apoiar para a reabilitação da residência do administrador, das vias rodoviárias e, consequentemente, a reabilitação da rotunda, “que precisa de um tratamento adequado para que a cidade de Canchungo possa ter outra vista, imagem ou outra cara melhorada”.
“Estamos a preparar ainda um projeto maior e abrangente com os nossos parceiros nomeadamente GRDER e CONGAI Executarão parte da canalização de água potável, reabilitação completa do mercado de Canchungo, do clube e outros espaços públicos que precisam ser visíveis e adequado, representando de maneira digna a administração”, advertiu Humberto Tavares.
 
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A