O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, prometeu hoje, através do seu diretor de campanha, que se for reeleito nas presidenciais de abril vai alterar a Constituição para criar uma “ampla democracia”.
“A partir de 2014 haverá uma alteração à Constituição”, declarou o ex-primeiro-ministro e diretor da campanha Abdelmalek Sellal num comício em Adrar (Saara, sul da Argélia), a que assistiu um milhar de pessoas.
“A Argélia terá uma ampla democracia, uma democracia participativa. Todos os cidadãos participarão no desenvolvimento do país”, acrescentou.
Bouteflika, no poder há 15 anos, é considerado favorito nas eleições presidenciais de 17 de abril, apesar de a sua recandidatura ter suscitado uma contestação inédita no país.
O presidente, de 77 anos, esteve quase um ano sem aparecer publicamente depois de em abril de 2013 ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC), que o obrigou a quase três meses de hospitalização em França.
Desde então, Bouteflika só voltou a falar publicamente a 03 de março, proferindo breves palavras ao entregar as assinaturas de apoio à sua candidatura no Conselho Constitucional.
No sábado, e em face da contestação, o presidente dirigiu-se aos argelinos através de uma mensagem distribuída pela agência APS: “As dificuldades ligadas à minha saúde não parecem desqualificar-me aos vossos olhos ou justificar que seja descartado das pesadas responsabilidades que vencem boa parte das minhas capacidades”, afirmou.
O principal adversário de Bouteflika é Ali Benflis, 69 anos, antigo homem de confiança do presidente e candidato nas presidenciais de 2004.
Numa entrevista publicada hoje pela Jeune Afrique, Benflis defendeu uma “alternativa democrática” e prometeu uma nova Constituição para “restabelecer o equilíbrio de poderes”.
Cinco partidos da oposição e o ex-primeiro-ministro Ahmed Benbitour, que renunciou a uma candidatura quando Bouteflika anunciou que se recandidatava, criaram uma plataforma – a Coordenação Nacional - para defender o boicote das presidenciais.
Num comunicado apresentado hoje à imprensa em Argel, a coligação afirma ter constituído uma comissão de 18 membros para preparar “uma conferência nacional para a transição democrática” e apela a Ali Benflis que se “retire da corrida e deixe o chefe de Estado cessante sozinho na arena”.