Bissau, 31 Mar 14 (ANG) - O presidente da Associação Guineense para a Reabilitação e Integração dos Cegos (Agrice), Manuel Lopes Rodrigues pede as autoridades judiciais para que julgassem o presumível assassínio de Júlio Ndache, um cego que terá sido espancado até a morte em Ingoré, Região de Cacheu, Norte da Guiné-Bissau.
“Ndache era um rapaz trabalhador que tinha a sua casa, uma horta de caju, dedicava-se a criação de gados (vacas e porcos) e também era agricultor”, disse Rodrigues ao Boletim Informativo da organização cuja edição de Março acaba de ser publicada.
O caso Júlio, que Manuel Rodrigues disse não ser o único de género já está em mãos das autoridades judiciais.
“Uma vez o malogrado me disse que os seus companheiros de aldeia que o admiravam o acusaram de feitiçaria. Disseram-lhe que um cego não vive por muito tempo e que só sendo feiticeiro é que consegue viver e ter os bens que ele Júio Ndatche possui”, revelou o presidente da Agrice.
Segundo Manuel Rodrigues, Ndache disse ter sido, após essa acusação, vítima de descriminação na tabanca, pelo que passou a viver isolado.
Manuel Rodrigues defendeu que o presumível actor da morte de Júlio deve ser julgado e condenado para se desencorajar as praticas de violências contra portadoras de deficiências que têm sido recorrentes devido a impunidade de que beneficiam os seus autores .
“As violências contra os invisuais ainda vão continuar porque as autoridades não estão atrás dos malfeitores, e também porque faltam leis neste país”, queixou-se.
Fonte: ANG/SG