sábado, 7 de novembro de 2015

Opinião: ACABOU A GUINÉ-BISSAU OU TEREMOS QUE ESPERAR?


No ano 2009, o ex-primeiro-ministro Francisco ​José Fadul havia proposto que a ONU administrasse a Guiné devido o que vinha acontecer: assassinato de um presidente eleito democraticamente de maneira desumana, prisão de advogados, assassinato de deputado e candidato a presidência da República, tudo isto somando o abuso militar de então CEMGFA. Mas, este apelo não fez eco à ONU.

Bem, no meu caso, não estou propondo o protetorado nem algo parecido mas, penso que é o momento talvez de pararmos tudo para pensar. Começar a questionar a responsabilidade de cada um de nós, diante de tudo o que tem nos abatido ultimamente. Afinal somos nós quem fazemos as escolhas, e somos responsáveis pelas escolhas que fazemos. Exercer atividade cívica não pode ser apenas um simples acto de votar e voltar para casa, e, nunca mais questionar o voto. Se queremos na verdade a Democracia, que fomos ensinados e importados, teremos que assimilá-la no seu todo.

Estaria morta a utopia de Amílcar? Algumas perguntas estratégicas nos premiarão caminhos em busca de como pensar a solução. Mas, qual era utopia de Cabral? Nas explicações de Luís Cabral, se não houvesse tanta repressão, fome, miséria, barbárie e injustiça talvez não haveria a luta armada porque foram bases e premissas para o deslanchar da guerra.

Portanto, Cabral tinha “eliminação da fome”, da miséria e da injustiça como sua Utopia. Mas volvidos os 42 anos da Independência e da dependência económica faz perceber facilmente que, estamos longe dos sonhos de Amílcar. De facto, os ideias de Cabral são propalados durante as periódicas campanhas eleitorais na Guiné, quando se quer votos. Infelizmente, se escreve pouco, não se dá nas escolas ao exemplo de outros grandes teóricos.

Após a Independência, muitos se ansiavam com progresso e conceito sociológico de bem-estar (casa, família, boa renda e paz) mas, muitos fazem discurso de tristeza de tipo “não era o que esperávamos”. O facto é que Desenvolvimento é um processo longo e complexo que requer tempo. Não é algo que se quer, logo aconteça, ele precisa ser planeado e arquitetado para um longo prazo. Desenvolvimento é um produto de boa governação política, a política boa só procede de pessoas com capacidade a altura faz pena lembrar que, o nível da política está muito baixo na Guiné, e hoje parece-se que qualquer um pode ser administrador/governante.

Esse fosso grande entre a esperança arquitetada pelo fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana – Amílcar Cabral- e salada por sangue e suor dos cambaleantes desconhecidos, de lado, e o país real de hoje que teima em pernoitar eternamente na incapacidade de evoluir, por outro lado, leva-me a, simplesmente, partilhar a questão de reflexão seguinte: Acabou a Guiné-Bissau ou teremos que esperar?

Por: Tamilton Gomes Teixeira