Ativistas
da região das Lundas, Angola, percorrem a Europa reivindicando a soberania do
Reino Tchokwé, usurpada pelo Governo de Angola. Eles buscam apoio para causa e
contra as violações dos direitos humanos.
Na
semana passada dois dos ativistas estiveram em Lisboa, Portugal, para falarem
com os deputados portugueses sobre a reivindicação do povo da “Nação Tchokwé”,
ignorada pelos órgãos de soberania angolanos.
O
Movimento do Protetorado das Lundas vai continuar a reclamar com persistência a
autonomia da Nação Tchokwé: "Nós estamos determinados, queremos que as
autoridades angolanas, juntamente com o Governo português, reconheçam que este
é um protetorado, é um país independente. E, sendo assim, queremos que haja
negociações connosco.”
O reino Tchokwé vigorou entre 25 de julho de 1885 e 25 de maio de 1894 e nada tinha a ver com Angola, explica Mubuabua Yambissa, representante do Protetorado Lunda na Europa, a fazer doutoramento em Londres, Inglaterra.
O reino Tchokwé vigorou entre 25 de julho de 1885 e 25 de maio de 1894 e nada tinha a ver com Angola, explica Mubuabua Yambissa, representante do Protetorado Lunda na Europa, a fazer doutoramento em Londres, Inglaterra.
Aquando
da assintura do Acordo de Alvor, em 1975 no Algarve, a existência do
protetorado foi ignorada, acrescenta.
Autonomia
e não independência
Uma
independência já reclamada em 2007 junto de orgãos de soberania do Estado de
Angola, entre os quais a Presidência da República, a Assembleia Nacional e os
Tribunais: “Em 2007 demos entrada do manifesto, entregamos a carta ao
Presidente da República, as autoridades angolanas para reabilitarem as
negociações sobre o Protetorado e o Presidente tentou dar uma iniciativa e de
repente começaram a prender pessoas, metê-las nas cadeias, era uma intimidação,
de modo que não podíamos avançar.”
Mubuabua Yambissa esteve na semana passada em Lisboa acompanhado de Chantal Alidor, para abordarem as autoridades portuguesas sobre a autodeterminação da Lunda Tchokwé: “Os nossos pais eram analfabetos, morreram e não fizeram nada e nós, como seus filhos, tentamos descobrir o que foi escondido, razão pela qual achamos melhor conversar. Nós trocamos a independência pela autonomia, porque primeiro, nascemos muitos em Angola e os angolanos também nasceram aí e temos uma irmandade."
Mubuabua Yambissa esteve na semana passada em Lisboa acompanhado de Chantal Alidor, para abordarem as autoridades portuguesas sobre a autodeterminação da Lunda Tchokwé: “Os nossos pais eram analfabetos, morreram e não fizeram nada e nós, como seus filhos, tentamos descobrir o que foi escondido, razão pela qual achamos melhor conversar. Nós trocamos a independência pela autonomia, porque primeiro, nascemos muitos em Angola e os angolanos também nasceram aí e temos uma irmandade."
Por
isso, o ativista defende a autonomia e questiona: "Achamos que
independência não seria bem, mas valeria a pena pedirmos uma autonomia.
Autonomia não significa independência, então porque o Estado angolano não quer
essa autonomia?”
Ouvir explicações de Portugal
Ambos foram recebidos pelo ex-presidente Mário Soares e por um grupo de deputados da Assembleia da República Portuguesa. Precisa Yambissa: “Viemos conversar com algumas autoridades portuguesas para que nos expliquem sobre o caso Lunda, o que aconteceu, e porque eles anexaram a nação Tchokwé, Protetorado da Lunda à Angola.”
Os representantes das Lundas estão a mobilizar apoio internacional com vista a pressionar o Governo de Angola a reconhecer o erro cometido no passado em defesa de uma causa que consideram legal e justa.
Entre
a documentação mostram um mapa da época que delimita o Reino Tchokwé. Querem
por isso o envolvimento de Portugal, na qualidade de antigo país colonizador,
para que seja encontrada uma solução negociada com as autoridades de Luanda –,
adianta o representante do movimento.
Violação
dos direitos humanos
Por
outro lado, Chantal Alidor lamenta os atos de violação dos direitos humanos na
região das Lundas, rica em diamantes: “A guerra já acabou, mas as pessoas
continuam a morrer, as nossas mães não conseguem cultivar, basta lhes apanharem
a cavar é porque querem cavar kamanga (diamantes), e matam-nas."
E
Alidor prossegue, relatando as dificuldades nessa região: "Muitas delas
atravessam as fronteiras e vão cultivar no Congo. Saem as 4 da manhã e
regressam a casa as 22 horas, isso é muito triste. E a comunidade internacional
vê isso e não se pronuncia.”
Depois
de Lisboa, os representantes do protetorado seguiram para França, Bélgica e
Alemanha com o mesmo objetivo. Recentemente, em entrevista à DW, a europedutada
portuguesa, Ana Gomes, criticou as torturas e os assassinatos na região das
Lundas.
A
eurodeputada socialista disse na altura ao Secretariado do seu partido que era
o momento de "levantar as objeções" à entrada do MPLA, o partido no
poder em Angola, na Internacional Socialista, objetivo desejado há 11 anos pelo
partido. Iniciativa também apoiada pela UNITA, maior partido da oposição
angolana. Fonte: DW