A comissão de inquérito com mandato do Conselho de Segurança da ONU para investigar as violações dos direitos humanos na República Centro Africana (RCA) partiu hoje para Bangui, onde iniciará o seu trabalho na terça-feira.
Liderada por Bernard Acho Muna, advogado dos Camarões que foi procurador-chefe adjunto para o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda, a comissão integra o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano Jorge Castaneda e a advogada de direitos humanos da Mauritânia Fatimata M’Baye.
A comissão deve investigar os abusos na RCA desde o início de 2013 e tem como mandato “parar todos os avanços em direção a um genocídio”, declarou aos jornalistas em Genebra antes de partir Bernard Acho Muna, citado pelo jornal ‘on line’ norte-americano Seattlepi.
“A minha experiência do Ruanda mostrou-me que um genocídio começa sempre com a propaganda a incitar ao ódio. Esperamos que a nossa presença e o facto de investigarmos constituam um sinal para que as pessoas que organizam a propaganda não passem à ação”, declarou Bernard Acho Muna, citado pelo jornal regional suíço La Côte.
A RCA mergulhou no caos desde que em março de 2013 a coligação Séléka, de maioria muçulmana, derrubou o governo do país maioritariamente cristão e presidido por François Bozizé, desencadeando uma espiral de violência sectária, com um balanço de milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
“É necessário acabar com a impunidade e garantir que os que passaram a linha vermelha são responsabilizados”, adiantou o presidente da comissão.
Depois de três dias em Bangui, a comissão deslocar-se-á a outras zonas do país. Durante a missão de duas semanas, estão previstos encontros com as autoridades governamentais, chefes de aldeias e representantes de organizações não-governamentais, bem como com os comandantes das forças da União Africana e da França na República Centro Africana.
A comissão deverá entregar um primeiro relatório ao Conselho de Segurança da ONU em junho.