O ex-Presidente da República Miguel Trovoada convocou uma conferência de imprensa, mas acabou por se transformar numa comunicação de mais de 3 horas, sem perguntas dos jornalistas. Atacou duramente as acções de Pinto da Costa, no sentido da realização do Diálogo Nacional.
As posições assumidas pelo Presidente Manuel Pinto da Costa desde a abertura do processo de auscultação das populações com vista a realização do diálogo nacional, mereceram atenção especial de Miguel Trovoada.
No distrito de Caué na abertura da auscultação das populações, Pinto da Costa disse que os partidos políticos não são donos do país nem da democracia, apesar de ter reconhecido que as forças políticas desempenham papel importante para o fortalecimento do regime democrático.
O discurso de Pinto da Costa que não foi bem recebido pelos partidos políticos, ganhou mais força quando na sua argumentação enviada para o Tribunal Constitucional solicitando a fiscalização preventiva da nova lei eleitoral, o Chefe de Estado são-tomense, referindo-se há um dos pontos que lhe suscita dúvidas, perguntou se a Democracia é feudo dos partidos políticos.
Miguel Trovoada, diz que notou no país um clima diferente. «Notei um clima de uma certa “partidofobia” exagerada. Não sei o quê que se tem contra os partidos políticos. Se estamos a falar de democracia os partidos políticos são fundamentais. Talvez se quer fazer a democracia directa, talvez como na Grécia antiga», afirmou, o ex-Presidente.
Trovoada avançou com um discurso, que coloca os partidos políticos em São Tomé e Príncipe, como pilares fundamentais do sistema democrático, onde a sociedade civil, é débil sem presença e intervenção. «Onde é que se elaboram as leis? Onde é que se apuram as maiorias que constituem governos para aplicar os programas aprovados na Assembleia?. Quer-se acabar com os partidos políticos? Quer-se fragilizar o partidos políticos?» interrogou.
O Diálogo Nacional que está a ser promovido pelo Presidente da República Manuel Pinto da Costa, mereceu comentários de Miguel Trovoada. O ex-Presidente e arquirival de Pinto da Costa, , concentrou a sua reflexão nos episódios da última edição do programa Cartas na Mesa de São de Deus Lima. «Segui o programa Cartas na Mesa, que era mesmo Cartas na Mesa sem batota, as pessoas se exprimiram, e disseram coisas interessantes», frisou.
Do que ouviu no programa Cartas na Mesa, com destaque para a posição manifestada pelos três partidos políticos que formam a maioria parlamentar, o MLSTP, o PCD e o MDFM, segundo a qual desconhecem o documento de base que vai orientar o Diálogo Nacional, Miguel Trovoada tirou várias conclusões. «Esta falta de respeito pelas pessoas , falta de respeito pelas instituições, subalternizar tudo pensando que a lei é a nossa própria vontade, ..isso não existe em democracia», declarou.
Para Miguel Trovoada, o fundamental para São Tomé e Príncipe, é a estabilidade. «Temos que cultivar a estabilidade». Acrescentou parafraseando o Presidente dos Estados Unidos Barack Obama que « A democracia não precisa de homens fortes, mas sim de instituições fortes». O diálogo deve ser algo contínuo, segundo o ex-Presidente.
Na sua primeira intervenção política, desde que cumpriu dois mandatos como Presidente da República, de 1991 à 2001, Miguel Trovoada, falou do partido que foi criador a ADI e também do seu filho Patrice Trovoada, seu actual Presidente da ADI. O filho que segundo o pai, recebeu ordens de Pinto da Costa para se afastar da vida política, iss0 no calor da crise política de Dezembro do ano 2012.
Trovoada Pai, é político nato, verdadeiro animal político. A semelhança de alguns políticos da sua geração, sente-se na conversa com os mesmos, o prazer de viver e fazer política, só política.
Uma sensação diferente quando se está diante dos políticos da nova geração. Note-se rapidamente que são homens de negócios implicados na política. Coisa que nem sempre os filhos herdam dos pais.