sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

EDITORIAL: «JOMAVISTAS» E «DOMINGUISTAS» NOS MEDIA

 
 
A tristemente célebre guerra civil, ou melhor, “conflito político-militar de 7 de Junho de 1998”, que mergulhou a Guiné-Bissau em desgostos de toda a natureza durante onze meses, teve o mérito de dar realce aos Media, particularmente, à Rádio e à TV, durante o ribombar dos tiros e o decorrer do processo negocial entre as partes envolvidas; posteriormente a toada da imprensa escrita foi sentida amplamente com a divulgação de escritos, depoimentos dos intervenientes e relatos diversos sobre as situações e as condições que levaram à eclosão da guerra fratricida.
 
Durante esse fatídico período, o guineense aprendeu a conviver com o aparelho de rádio diariamente para se manter informado sobre o decorrer da guerra nas frentes de combate, ouvir as mensagens e as reações da comunidade internacional. De parte a parte (Junta Militar e Governamental) eram feitas propagandas agressivas, procedia-se a autênticas campanhas de informação e de desinformação com a clara intenção de servir as partes desavindas na desmobilização e na mobilização das respetivas forças e da opinião pública nacional e internacional. Esse facto deu importância às duas estações emissoras, que viraram espaço de denúncias e de propaganda política, um autêntico instrumento de guerra.
 
A “guerra radiofónica” que se assistiu, considerada por muitos factor de exacerbação dos ânimos, marcou profundamente a vida nacional. Foi a partir daí que se deu maior acento tónico a intervenção dos Media na vida nacional nomeadamente, como espaço de denúncias de crimes, injustiças, má governação, atuações de atividades políticas, acontecimentos sociais relevantes, etc., etc..
 
Ora, nos seis meses da crise político-institucional que se seguiram a queda do Governo de Domingos Simões Pereira, os políticos implicaram, direta e indiretamente, os Media, sobremaneira, em todos os atos.
Desta feita, ao contrário do que se passou na guerra de 1998-19
99, um elemento novo entrou na guerra dos políticos – a internet – através de blogs. Apesar da maioria da população não ter acesso à internet, os cidadãos que têm esse privilégio, através de computadores, tablets e smartphones, acompanham o embate, tal como os guineenses que vivem na diáspora e a própria comunidade internacional. Nesse espaço, cada blogueiro conta a “sua verdade” dos factos que sucedem, divulga as matérias que lhe chega às mãos alegadamente, em defesa dos interesses superiores da Pátria.  Proliferam acusações de alegados subornos de uma e doutra parte; na realidade, ninguém é poupado. Cada qual se defende recorrendo ao ditado popular “a verdade arde mas não é pimenta”. Nesta altura, como o país está dividido em «JOMAVISTAS» E «DOMINGUISTAS», está tudo dito. Cada blog, ou melhor, cada meio de comunicação social dá a sua contribuição ao país em nome da liberdade de opinião e de expressão, competindo a cada cidadão fazer a leitura da informação que chega ao seu conhecimento, catalogá-lo, em função do seu ponto de vista ou do grupo com que se identifica melhor.
Nas rádios os magazines das conferências de imprensa ou debates sucedem-se sobre temas da atualidade.
 
Quanto custa a circulação de informações supostamente sensíveis das partes em conflito? Até que ponto se pode falar da isenção, transparência, equidistância dos profissionais e dos Media num país onde as carências são gritantes e o aliciamento constitui “o pão nosso de cada dia”.
 
De qualquer maneira, cada um trabalha de livre e espontânea vontade.
 
“Todos têm o direito à liberdade de opinião e de expressão. Este direito inclui a liberdade para ter opiniões sem interferência e para procurar, receber e dar informação e ideias através de qualquer meio de comunicação e sem importar as fronteiras”. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 19.º — LIBERDADE DE EXPRESSÃO)
Sobre a questão de KOBA MAL (impropérios) que muitas vezes são trocados nos blogs… São contas de outro rosário. Enquanto não houver legislação sobre o uso da internet…