sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

RELATÓRIO DA INTELIGÊNCIA RUSSA SOBRE A ATUAL ASSISTÊNCIA DA TURQUIA AO DAESH

Recrutamento de combatentes terroristas estrangeiros, viabilização de seu cruzamento da fronteira em direção à Síria, e fornecimento de armas a grupos terroristas ativos lá.

 
 
Alegadamente, representantes do ISIL — com a ajuda dos serviços de inteligência turcos — estabeleceram uma extensa rede em Antália para o recrutamento de indivíduos que chegam à Turquia vindos dos Estados pós-Soviéticos, facilitando sua participação no conflito sírio e possível transferência para a Rússia.

O grupo dos recrutadores é composto por um nativo do Quirguistão de nomeAbdullah; um nativo da Adiguésia chamado Azmet; um nativo do Tartaristão chamado Elnar; um nativo da Federação Russa chamado Ilyas; um nativo do Azerbaijão chamado Adil Aliev; e um nativo de Carachai-Circássia chamado Nizam. Eles são liderados por um nativo da Federação Russa, Ruslan Rastyamovich Khaibullov (também conhecido como Baris Abdul ou pelo pseudônimo "O Professor"), nascido em 1 de abril de 1978 no Tartaristão. Ele vive com sua família em Antália e tem uma permissão de residência permanente na Turquia.
 
O recrutamento ocorre com o conhecimento da administração do centro de detenção temporária. Se um detento concorda em aceitar o Islã e se envolver em atividades terroristas, os recrutadores prometem "fazer um acordo" com as agências de aplicação da lei turca e oferecer, gratuitamente, os serviços de um advogado turco, Tahir Tosolar. Sultão Kekhursaev, um checheno que é cidadão turco, também fez visitas com a mesma finalidade a centros de detenção onde os estrangeiros são mantidos.
 
Em setembro de 2015, um grupo de mais de 1.000 combatentes do ISIL, vindo de países da Europa e da Ásia Central, foi levado da Turquia para a Síria cruzando a fronteira em Alikaila (Gaziantep).
 
As rotas para o movimento dos combatentes passam muito perto da fronteira Turco-Síria de Antakya, Reyhanlı, Topázio, Şanlıurfa e Hatay.
 
Em março de 2014, o chefe da Organização Nacional Turca de Inteligência (ONTI), H. Fidan, coordenou a transferência de uma grande unidade do ISIL, chefiada por Mahdi al-Kharati, um nativo da Líbia [1]. Os combatentes foram levados pelo mar da Líbia para a Síria, cruzando a fronteira Turco-Síria em Barsai.
 
Desde dezembro de 2015 passado, com a assistência dos serviços de inteligência turcos, medidas foram tomadas para estabelecer uma rota aérea para transportar combatentes do ISIL da Síria através da Turquia para o Iêmen usando transporte aéreo militar turco. Um meio alternativo de transporte de combatentes é por via marítima para o porto iemenita de Áden.
 
Nativos da Federação Russa que mantêm contato com representantes da segurança, polícia e autoridades administrativas em um número de cidades turcas, incluindo Istambul, estão envolvidos no recrutamento através de madrassas turcas [2].
 
É sabido que combatentes feridos do ISIL têm lugares para descansar e receber tratamento em áreas da Turquia próximas da fronteira com a Síria. Pelo menos 700 combatentes estavam se recuperando em Gaziantep em 2014.
 
Consta que, a partir de 2015, serviços de inteligência turca auxiliaram na remoção de Antalya para Eskişehir daquilo que foi denominado de uma "Vila Tártara", a qual abriga os combatentes de etnia tártara e os cúmplices do grupo terrorista Jabhat al-Nusrah, que são nativos do Tartaristão, Bascortostão e Mordóvia. Alguns deles possuem dupla nacionalidade russo-turca.
 
Uma das pessoas ativamente envolvidas na Vila é Timur Maunirovich Bichurin, de nacionalidade russa, nascido em 15 de dezembro de 1969, o qual é nativo de Kazan e desde de janeiro de 2014 tem agido como um cúmplice, ajudando os muçulmanos que estão lutando na Síria.
 
Em dezembro de 2014, os serviços de inteligência turcos ajudaram a montar acampamentos na Turquia, particularmente na província de Hatay, para reunir os migrantes ilegais e fornecer treinamento em preparação para a expedição de gangues extremistas à Síria. Em janeiro de 2015, a ONTI (Organização Nacional Turca de Inteligência) estava envolvida na operação para mesclar três grupos terroristas, Osman Gazi, Omer bin Abdulaziz e Omer Mukhtar, em um grupo chamado Brigada Sultão Abdulhamid, do qual Omer Abdullah foi nomeado comandante. Os membros desse grupo são treinados em um acampamento em Bayır-Bucak, na Turquia, sob a liderança de instrutores das unidades do comando geral de operações especiais das forças armadas turcas e do pessoal da ONTI. As atividades da Brigada Sultão Abdulhamid são coordenadas com as atividades dos combatentes do grupo Jabhat al-Nusrah no norte da província Síria de Latakia.
 
É sabido que em 21 de setembro de 2015, na cidade síria de Tell Rifaat, representantes da oposição Síria, que tinham recebido treinamento militar em um acampamento em Çiçekdağ na Turquia, entregaram armas aos combatentes de Jabhat al-Nusrah.
 
As entregas de armas aos grupos terroristas na Síria ainda estão a ocorrer, beneficiando-se do suporte de fundações baseadas na Turquia como İnsan Hak ve Hürriyetleri ve İnsani Yardım Vakfı (IHH — Fundação para os Direitos Humanos e Liberdades e Ajuda Humanitária), İmkander e İnsani Öncü Nesil Yardım Derneği.
 
Suprimentos de várias formas de armas, equipamentos militares e munições estão chegando do exterior através do porto turco de Iskenderun. Equipamento militar e suprimentos são transportados de lá através da província de Hatay (cruzando a fronteira em Öncüpinar) em direção a Aleppo e Idlib, na Síria, usando veículos pertencentes às fundações IHH, İmkander e Öncü Nesil com as seguintes inscrições turcas: SU 33 317, 06 DY 7807, SU 33 540, 33 SU 960, 42 GL 074 e 31 R 5487. Dentro da Síria, as armas e munições são distribuídas aos bandos de turcomenos [3] e às unidades Jabhat al-Nusrah.
 
Em 15 de setembro de 2014, representantes da IHH trouxeram suprimentos de armas e medicamentos para grupos do ISIL por veículo automotor de Bursa através da fronteira em Ceylanpınar (distrito Reyhanlı) para a Síria. Esta expedição foi seguida e acompanhada através da Turquia por um veículo que transportava o pessoal da ONIT.
 
Tradução Marisa Choguill