A inexistência de uma representação diplomática da Guiné-Bissau em Itália está a criar problemas graves aos conterrâneos aí residentes.
Conforme apuramos da Associação da Comunidade e Amigos da Guiné-Bissau em Itália (ASCOAGU), centenas de imigrantes residentes naquele país, com particular incidência na cidade de Verona, local com maior número de guineenses, estão afectados com problemas de passaportes caducados.
"O número tende a aumentar porque, quase diariamente, recebemos telefonemas de irmãos a perguntarem da data da vinda de técnicos da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal para a renovação de passaportes", disse o presidente daquela associação.
Alfredo Sambú revelou que há 3 anos, a ASCOAGUI fez deslocar-se à Itália, uma equipa de técnicos dos Serviços Consulares da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal que renovaram centenas de documentos, entre passaportes e certidões.
"Pensamos fazer a mesma coisa este ano. Aliás, os contactos já foram feitos e a equipa deveria estar cá na primeira quinzena de Dezembro do ano transacto (2015), mas, não aconteceu porque o Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades ainda não deu o aval", explicou Sambú.
O presidente da ASCOAGUI lamenta a situação que considera de “muito crítica” e pede uma intervenção urgente das autoridades competentes para a resolução do caso.
Guineenses "reféns" em Itália solicitam intervenção do PR José Mário Vaz
A não autorização pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades aos técnicos dos Serviços Consulares da Guiné-Bissau em Portugal para se deslocarem a Itália, para procederem aos trabalhos de renovação dos passaportes “já está a complicar a vida dos nossos concidadãos” considera Alfredo Sambú.
Conta que, “a partir do final de Fevereiro em curso, dezenas de guineenses poderão ficar em casa sem emprego, e outros em regime de espera enquanto não forem regularizadas as suas documentações. Tudo por causa dos fortes controlos a que são sujeitas as empresas empregadoras de emigrantes em Itália”.
Essas informações foram fornecidas pelas Cooperativas Logicoop Società Cooperativa e Gia. Ra Società Cooperativa, duas das principais instituições que dão empregos aos emigrantes, sobretudo oriundos da África, onde uma boa parte dos guineenses estão a trabalhar.
Na Polícia de Migração italiana, centenas de processos de emigrantes da Guiné-Bissau ficaram pendentes por causa de passaportes expirados.
Para se inteirar da situação, deslocamos à Polícia Central de Verona de onde falamos com um dos oficiais da Polícia de Migração que nos prestou as seguintes declarações.
"E' verdade que vários processos de cidadãos provenientes da Guiné-Bissau estão bloqueados por causa de passaportes caducados, e outros por erros constatados no passaporte. Alguns processos já sofreram alterações no que diz respeito a data de suas conclusões", explicou o oficial que não se identificou.
Entretanto, a situação é mesmo séria pelo que, os guineenses solicitam uma intervenção urgente do Presidente da República José Mário Vaz para ultrapassar a situação.
Importa noticiar que, para além da perda de emprego, os guineenses em Itália estão em risco de perder a residência e o ano académico, isto já falando dos estudantes universitários.
Agravante de tudo é que, os que estão na posse de passaportes caducados são restritos a circulação. Não podem viajar para além do território italiano e nem para o país de origem.
Ao que tudo indica, se os técnicos da Embaixada de Portugal não se deslocarem à Itália, muitos guineenses se transformarão em clandestinos.
Agostinho Pereira Gomes "Apego" (estudante em Itália)
Fonte: gaznot.com