quinta-feira, 26 de março de 2015

MAIS DE MIL MILHÕES DE CHANTAGENS?

O rótulo da conferência de "Parceiros" em Bruxelas para a Guiné-Bissau é "Terra Ranka". O nome até parece de um foguetão ou veículo espacial que se desloca à alta velocidade. O que de facto, não corresponde  à verdade. Acontece que, no meu ponto de vista,  o encontro não foi mais que um exercício mercantilista e de arrematação dos recursos naturais, e não só, do nosso país. 
Ou seja, a Guiné-Bissau acabou de encaixar em Bruxelas pelos seus "Parceiros" mais de mil milhões de "promessas, esperanças e pressões (chantagens)" sobre os seus próprios filhos. Mais , um fardo para as gerações vindouras? 
Divida, já está! E os juros? A correr, sem parar. Mas, hoje, o comboio vai regressar tal como havia partido:  vazio! As "promessas" ficaram no nosso imaginário colectivo. Parece ser a única forma de nos sentirmos aliviados. Onde está a nossa liberdade de escolha? 
 
E como diz o ponto 13.º da Resolução: "(...) Os fundos dos parceiros podem dar um impulso, mas o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável serão conduzidos sobretudo pelo apoio ao sector privado, particularmente através da criação de emprego, da construção de infra-estruturas e transporte, do acesso à energia, de um ambiente de negócios concorrencial e seguro, e de um acesso facilitado ao crédito". Isto significa que o Estado pode "tirar o cavalinho da chuva". E as "promessas" - sobretudo as que foram dadas pelos países europeus - poderão não sair mesmo dos bancos europeus. Como as melhores "ideias ou projectos" habitam ao mundo do que não é inteiro nem exprimível, esses "fundos" reverterão para as contas das suas empresas na Europa, sobretudo dos tugas, de onde nunca tinham saído antes.  E acções no terreno? Cá, na nossa terra vai ser só simulacro de construções. Haverá, sem dúvida alguma empregabilidade em termos de mão-de-obra, mas realizações de fundo, com vigor histórico almejado pelo povo, só podem vir da nossa sub-região, dos EUA e do oriente. 
 
Mais de um milhão de promessas, esperanças e pressões (chantagem), foi um momento também que se transformou, mais uma vez, em oportunidade para os nossos "Parceiros" blasfemarem as nossas forças de segurança e de defesa, ofendendo mesmo toda a nação, ao insinuar no parágrafo 15.º da referida resolução que "A necessidade de consolidar tanto a democracia como o estado de direito exige a instauração de um controle civil efectivo e supervisão das forças de defesa e segurança." Não ficarão sossegados enquanto não forem aniquiladas as nossas forças de segurança e da defesa.
 
Nhu Pó tene kasa/karru nobu,
Ma vencimentu ka da pa kasa/karru nobu ô! 
Si nô diskuda Nhu Pó na bindi terra ô