O dedo do imperialismo esteve presente nas manifestações de 15 de Março no Brasil, ainda que de forma discreta. Há precedente. Nos meses que antecederam o golpe de 1964 o imperialismo actuou intensamente para a criação de uma base social de apoio aos golpistas. Organizações como o IPES e o IBAD, dirigidas pelo agente da CIA Ivan Hasslocher, despejaram rios de dinheiro na compra de deputados, em denegrir o governo do presidente João Goulart e em criar o clima adequado para levar o general Castelo Branco (amigo de Vernon Walters, da CIA) a decidir-se pelo golpe.
Hoje passa-se algo semelhante no Brasil. Os métodos utilizados, como o lock-out de camionistas e os panelaços, são os mesmos que o imperialismo utilizou em 1973 para promover o golpe de Pinochet no Chile. A manipulação através de redes sociais das camadas médias e as palavras de ordem moralistas (como se a corrupção fosse uma exclusividade do PT) ocultam o desejo imperial de por no poder agentes directos seus, por meios constitucionais ou não.
Nestes últimos anos o imperialismo desenvolveu uma grande perícia para derrubar governos e criou novas agências especializadas para o efeito, a exemplo do NED . A crise actual é consequência da política capituladora do PT, com constantes e enormes cedências à reacção. As tentativas de conciliação com a direita conduzem a recuos cada vez maiores. O incêndio da sede do PT em Jundiaí e o pedido de intervenção militar de manifestantes no Rio de Janeiro são indícios preocupantes do que pode vir a seguir. A política de "gestor do capitalismo brasileiro" assumida pelo governo Dilma/PT tem pernas curtas. Se não der meia-volta pode ter um triste destino.