O julgamento do antigo chefe de Estado chadiano Hissène Habré, acusado de tortura e crimes de guerra e contra a humanidade, começa esta segunda-feira, 8 de fevereiro, no Senegal. As acusações remontam ao período entre 1982 e 1990, quando Habré era Presidente.
O julgamento marca uma etapa crucial na Justiça africana. As dezenas de milhares de pessoas que sofreram durante o regime de Habré esperam agora que se faça justiça, e em solo africano. Na enorme sala de audiências do Palácio de Justiça de Dakar, ouvir-se-ão testemunhos de pessoas que sofreram algumas das piores atrocidades que se podem imaginar. Entre 7 de setembro e 15 de dezembro de 2015 decorreram as primeiras audições; 95 vítimas, 95 testemunhos, e um ambiente pesado e pesaroso.
O avanço deste processo, e o empenho daqueles que estão envolvidos no julgamento para que se faça justiça, prova que a luta contra a impunidade é cada vez maior, e que as críticas de alguns chefes de Estado africanos ao TPI se devem apenas a receios de que um dia este os julgue. Muitos, cada vez mais, lutam por uma Justiça independente em África; e esse objetivo está a ser alcançado. Perante esses avanços, restam duas hipóteses aos líderes continentais: envolverem-se ativamente na luta contra os crimes e a impunidade ou esperar que esta os alcance a eles, como aconteceu com Habré. Fonte: Aqui