quarta-feira, 11 de março de 2015

O FASCISMO ESTÁ OUTRA VEZ EM ASCENÇÃO


John Pilger


O recente 70.º aniversário da libertação de Auschwitz foi uma evocação do grande crime do fascismo, cuja iconografia nazi está entranhada na nossa consciência. O fascismo está preservado na história, em filmes com ondas de camisas negras em passo de ganso, com a sua criminalidade terrível e clara. Porém, nessas mesmas sociedades liberais, cujas elites que fazem as guerras nos aconselham a nunca o esquecer, não se fala do perigo acelerado dum tipo de fascismo moderno; porque é o fascismo delas.

"Iniciar uma guerra de agressão…", disseram os juízes do Tribunal de Nuremberga em 1946, "não é só um crime internacional, é o supremo crime internacional, que apenas difere de outros crimes de guerra porque contém em si o mal acumulado de todos eles".
Se os nazis não tivessem invadido a Europa, não teria acontecido Auschwitz e o Holocausto. Se os Estados Unidos e os seus satélites não tivessem iniciado a sua guerra de agressão no Iraque em 2003, ainda hoje viveria quase um milhão de pessoas; e o Estado Islâmico, ou o ISIS, não nos manteria reféns da sua selvajaria. Eles são a prole do fascismo moderno, desmamados pelas bombas, pelos banhos de sangue e pelas mentiras que são o teatro surrealista conhecido por "noticiários".

Tal como o fascismo dos anos 30 e 40, as grandes mentiras são proferidas com a precisão dum metrónomo: graças aos media omnipresentes, repetitivos e graças à sua virulenta censura por omissão. Vejam a catástrofe na Líbia.
Em 2011, a NATO desencadeou 9700 ataques contra a Líbia, dos quais mais de um terço foram dirigidos contra alvos civis. Usaram ogivas de urânio; as cidades de Misurata e Sirte foram atapetadas com bombas. A Cruz Vermelha identificou sepulturas em massa e a Unicef noticiou que "a maior parte [das crianças mortas] tinha menos de dez anos". 

A sodomização pública do presidente líbio Muammar Gaddafi com uma baioneta "rebelde" foi saudada pela então secretária de Estado, Hillary Clinton, com as palavras: "Chegámos, vimos e ele morreu". O seu assassínio, tal como a destruição do seu país, foi justificado por uma grande mentira já bem conhecida: ele estaria a planear um "genocídio" contra o seu próprio povo. "Sabíamos… que se esperássemos mais um dia", disse o presidente Obama, "Benghazi, uma cidade do tamanho de Charlotte, podia ser vítima de um massacre que se reflectiria por toda a região e mancharia a consciência do mundo". LEIA O ARTIGO COMPLETO