Cheira-me a censura nos jornais da nossa pacata praça de Bissau. Não gostaria de trazer para este debate lições sobre "Democracia". Entendo, pois, que são princípios "caros" que não deveriam ser ditas apenas de boca para fora, assim de forma leviana, como muitos o fazem.
A Guiné-Bissau, não pode ser confundida com Angola, como a democracia não pode ser confundida com aristocracia ou oligarquia (em que o poder político é assumido por uma pessoa). Os termos até são antónimos. Os regimes democráticos e oligárquicos são opostos.
Regimes políticos democráticos contrastam com as ditaduras, ou tiranias. Ambientes democráticos geram a expressões e realidades como "Andiatur et altera pars" que significa "ouça-se também a outra parte", no que diz respeito ao chamado princípio do "contraditório e da ampla defesa" em processo judicial ou administrativo. É justamente em ambiente democrático puro e livre que floresce a dialéctica ou a técnica de perguntar, responder e refutar; de aproximação entre as "ideias particulares" e as "ideias universais" e puras; onde se busca elementos conflituantes entre dois ou mais factos para explicar uma nova situação discordante desse conflito, e para atingir ao "verdadeiro conhecimento" da realidade dos factos.
Hoje em dia, as oposições entre regimes democráticos e tiranias, tendem a ser ambíguas, visto alguns governos - sobretudo em África lusófona - misturam elementos democráticos, oligárquicos e outros em seu sistemas políticos. Estes buscam silenciar as vozes discordantes. O mesmo não acontece em regimes políticos democráticos puros em que privilegiam oportunidades para as pessoas de controlar seus líderes e de tirá-los do cargo, sem a necessidade de uma "revolução".
A minha dúvida prende-se com o facto de ter vindo a notar, nos últimos dias, que alguns assuntos políticos (públicos) não constituir manchete de certos jornais nacionais, tais como, por exemplo, 1) a prisão e condenação de Gabriel Só; 2) denuncia por José Carlos Macedo Monteiro de 75 milhões de francos CFA em aluguer de viaturas; 3) o paradeiro desconhecido do pagamento de avultadas somas em dinheiro relativamente a cinco (5) navios carregados de contentores de madeira, etc.
Gostaria, por isso de saber, se tal como tem vindo a acontecer na SIC, RDP/RTP-África, Expresso, A Bola, Diário de Notícias, em Portugal e um pouco por todos os países da CPLP, se a imprensa nacional, local, terá sido, também, infectada pelo virus "angolanus silencium". Trata-se de um virus que se propagou e terá infectado toda a comunicação social dos países da língua portuguesa. O seu contágio adquire-se pela "entrega de envelopes fechados" a jornalistas e editorialistas que, em contrapartida, ficam de plantão ao serviço das suas ideias. Posso dizer-vos que a preocupação é grande! E como tenho visto L V a assinar artigos em certos jornais, assustei-me, pensando que poderíamos ser contagiados, também, com esta maldita praga.