quarta-feira, 11 de março de 2015

PORQUE É QUE O GRUPO SANGUÍNEO O RESISTE MELHOR À MALÁRIA?


O assunto não é recente e já foi discutido pelos principais especialistas na área. No entanto, surgiram dados novos, que merecem a nossa melhor atenção. Há muito tempo que se sabe que as pessoas com o grupo sanguíneo O estão mais protegidas de morrer por malária severa. Agora, num estudo publicado na revista Nature Medicine, uma equipa de cientistas escandinavos explica os mecanismos que estão por detrás da proteção fornecida pelo sangue tipo O, sugerindo que a pressão seletiva imposta pela malária pode contribuir para a distribuição variável global de grupos sanguíneos ABO na população humana.

A malária é uma doença grave, que, de acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), pode infetar 200 milhões de pessoas por ano, sendo que 600 mil, na grande maioria crianças menores de cinco anos, acabam por morrer. A malária, a doença mais endémica da África subsaariana, é causada por diferentes tipos de parasitas da família Plasmodium, sendo a estirpe mais mortal conhecida como Plasmodium Falciparum.

Nos casos mais graves da doença, os glóbulos vermelhos infetados aderem em demasia aos tecidos vasculares e acabam por bloquear o fluxo sanguíneo, provocando falta de oxigénio e danos irreparáveis nos tecidos, que podem levar ao coma, a danos cerebrais, e, por fim, à morte. Neste momento, e após anos de pesquisas, os cientistas procuram perceber como é que este tipo de parasita faz com que os glóbulos vermelhos infetados sejam tão «pegajosos».

Há algum tempo que se sabe que as pessoas com o grupo sanguíneo tipo O estão mais protegidas contra a malária severa, enquanto que aquelas com outro tipo de sangue, como o A, muitas vezes entram em coma e acabam por morrer. Nos últimos anos, os cientistas procuraram desvendar o mistério por detrás desta proteção, e já há alguns dados que permitem uma explicação mais detalhada. Mas uma equipa de especialistas liderados pelo Instituto Karolinska, na Suécia, identificou agora uma importante peça deste «quebra-cabeças», destacando o papel essencial da proteína RIFIN, que é libertada pelo parasita. De acordo com várias experiências, percebeu-se que esta proteína infeta os glóbulos vermelhos e segue em direção à superfície das células do sangue, onde atua como «cola».
 
A equipa de trabalho também conseguiu explicar que esta proteína adere facilmente às células do tipo sanguíneo A, acontecendo o oposto com o tipo O.  Na ótica de Mats Wahlgren, um dos elementos da equipa, «este estudo permite explicar com mais clareza aquilo que já se sabia, mas também dar outro tipo de indicações sobre a doença e a importância do tipo sanguíneo das pessoas na infeção por malária». Fonte: Aqui