Vale a pena ser um francófono que um lusófono por razões óbvias. A CPLP não vale nada, é uma organização fantasma, não ajuda em nada pelo contrário só atrapalha e cria obstáculos. Se fosse possível se livrar o quanto antes desta organização seria a melhor coisa para o nosso país.
Bissau - O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou nesta segunda-feira que não é francófono e que os laços do país com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) "são sagrados".
"Nós, antes de aderirmos à Organização Internacional da Francofonia, de nascença somos lusófonos e vamos continuar lusófonos e penso que às vezes há alguns equívocos", disse, em entrevista exclusiva à agência Lusa, Umaro Sissoco Embaló.
Lembrando que quando foi nomeado primeiro-ministro as pessoas afirmaram que era um francófono, Umaro Sissoco Embaló esclareceu que é "lusófono" e será sempre um "homem lusófono".
"Agora é uma questão de opção, a Guiné-Bissau tem de estar em bom termo com a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e a União Africana e os nossos laços são muito sagrados com a CPLP", disse, salientando que "não há hipóteses de tocar nesses princípios".
Sobre acusações relativas à sua relação de grande proximidade com o Senegal, o chefe do Governo guineense explicou que o actual Presidente senegalês, Macky Sall, é um "irmão".
"Vivi em casa dele e temos uma relação com mais de 20 anos. Agora, pela inerência das nossas funções isso tem fortificado as relações entre a Guiné-Bissau e o Senegal. Eu sou um panafricanista e confio na relação sul-sul", afirmou.
"Eu sou membro da União Africana, da CEDEAO e da UEMOA (União Económica Monetária da África Ocidental), mas nunca serei membro da União Europeia, por inerência da situação geográfica do país. É como na Europa. Eu privilegio muito a relação sul-sul, porque a minha relação enquanto exercício do poder é em África. É por isso que tenho mostrado essa relação", afirmou.
Em relação à proximidade com países dos Médio Oriente, o primeiro-ministro guineense disse que são, sobretudo os países árabes, que estão a apoiar actualmente a Guiné-Bissau.
"Eles todos estão a apoiar-nos e a financiar-nos neste momento e é por isso que vamos arrancar com vários projectos logo a seguir à época das chuvas, nomeadamente com as infra-estruturas urbanas e não só estradas, mas água potável para as regiões, electrificação e iluminação de várias cidades", afirmou.
Umaro Sissoco Embaló foi o quinto primeiro-ministro nomeado (em Dezembro de 2016) pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, depois das eleições legislativas de 2014 ganhas pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
A nomeação de Umaro Sissoco Embaló foi feita após a assinatura do Acordo de Conakry, mas provocou controvérsia com o PAIGC a afirmar que não foi o nome escolhido para chefiar o Governo guineense no âmbito daquele acordo.
O Acordo de Conakry, patrocinado CEDEAO, prevê a formação de um governo consensual integrado por todos os partidos representados no parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de Estado, entre outros pontos.
O actual Governo da Guiné-Bissau, de iniciativa presidencial, não tem o apoio do partido que ganhou as eleições com maioria absoluta e o impasse político tem levado vários países e instituições internacionais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conakry.
Fonte: Lusa, in Angop