sexta-feira, 11 de agosto de 2017

WADE DENUNCIA UMA "FANTOCHADA" NAS LEGISLATIVAS SENEGALESAS

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O antigo Presidente Abdoulaye Wade em Dacar em 2015.

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Alguns dias depois de ser conhecida a larga vitória da coligação do Presidente Macky Sall nas eleições legislativas de 30 de Julho, com 125 dos 165 deputados do Parlamento senegalês, o antigo Presidente Abdoulaye Wade, cuja formação obteve apenas 19 assentos parlamentares não só falou ontem na televisão em "fantochada eleitoral" como referiu que a sua coligação não iria participar em mais nenhuma eleição organizada pelo executivo de Macky Sall.

Ao referir ainda que iria fazer o necessário para que o Presidente não possa organizar mais nenhuma "fantochada", Abdoulaye Wade disse também em tom de ironia acerca do actual chefe de Estado que "nem vale a pena que ele se canse em relação a 2019. Nesse caso ele que espere por 2019 e se proclame não só eleito, como super eleito."

Estas declarações contrastam com a passagem de testemunho pacífica entre Wade e o seu sucessor em 2012. As legislativas de 30 de Julho, cuja taxa de participação rondou os 54%, foram marcadas pela presença record de 47 listas concorrentes, das quais 14 acabam por obter uma presença no parlamento, estas eleições tendo sobretudo sido marcadas por alguma confusão com milhares de eleitores impedidos de exercer o seu direito de voto por não terem recebido os seus documentos biométricos atempadamente. Mais pormenores com Liliana Henriques.
 
Abdoulaye Wade denuncia uma "fantochada eleitoral". RFI: ouvir
 
Com tradução de Miguel Martins.

*Leia também: Coligação de ex-Presidente Wade boicota futuras eleições sob regime de Macky Sall

Dakar, Senegal (PANA) - O ex-Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, declarou quarta-feira que a coligação que lidera já não participará em eleições organizadas pelo atual regime do seu sucessor, Macky Sall.

Durante uma conferência de imprensa, quarta-feira em Dakar, Wade denunciou fraudes massivas que marcaram o escrutínio legislativos de 30 de julho último no Senegal, bem como a consequente publicação dos resultados eleitorais, favoráveis à coligação no poder, Benno Book Yakaar.

Advertiu que os seus aliados e ele próprio não permitirão ao atual chefe de Estado fazer nenhuma batota eleitoral.

Ladeado dos chefes de partidos que compõem a sua "coligação vencedora",  Wattu Senegaal, o ex-Presidente do Senegal denunciou fraudes massivas em todo o processo eleitoral e "uma fraude eleitoral preparada muito tempo antes de maneira geral e planificada'.

Porém, apesar destas críticas contra o processo eleitoral, a coligação Wattu Senegaal não depositou queixas diante do Conselho Constitucional.

Reagindo a estas críticas num comunicado, a coligação Benno Book Yakaar disse haver "incoerências" no discurso dos opositores, lembrando que "todos os observadores sérios no país como no estrangeiro" saudaram a fiabilidade do escrutínio que "não contem nenhuma ambiguidade".

Os resultados provisórios anunciados a 4 de agosto pela Comissão Nacional de Recenseamento dos votos dão conta da vitória ampla do campo presidencial com 125 assentos dos 165 que conta a Assembleia Nacional.

A contestatária "coligação vencedora" Wattu Senegaal  obteve 19 assentos contra sete da coligação Mankoo Taxawu Senegal do edil de Dakar Khalifa Sall, capturado desde março último por "desvios de fundos públicos".

O Partido da Unidade e Agrupamento (PUR), que existe há 20 anos, mas que nunca apresentou candidatos às eleições, terminou de maneira surpreendente na quarta posição com três deputados.

Na quinta posição, a coligação liderada por Abdoulaye Baldé, ex-ministro da Defesa de Abdoulaye Wade, obteve dois assentos.

Nove outras coligações e partidos políticos partilham assentos restantes com um deputado cada uma.

Os resultados definitivos das legislativas senegalesas de 30 de julho de 2017 serão proclamados, até o mais tardar 13 de agosto, pelo Conselho Constitucional depois do exame dos recursos.