É preciso ter
muita lata.
O senhor Modibo Turé
falou da “crise política” na Guiné-Bissau, na qualidade de representante especial do
secretário-geral da ONU para o país lusófono na sessão de quarta-feira, 14 de Fevereiro
2018, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como se a “crise” de que se
fala fosse resultante de uma controvérsia susceptível de se transformar na
ameaça à paz e à segurança internacional. Segundo
noticiou “O Democrata”, o diplomata, para mostrar serviço, sustentou que a ONU tem de manter o foco no apoio aos
esforços dos líderes guineense para a nomeação de um primeiro-ministro
“aceitável”, na criação de um Governo inclusivo, na organização de eleições e
na implementação das reformas prioritárias.
Onde está o princípio de igualdade soberana de todos os
seus membros, defendida pela ONU?
A ONU é uma organização prestigiada no mundo, mas como
todas as organizações que agrega indivíduos e grupos humanos, também é sujeita
a ataques de pessoas sem caracter. Os seus representantes nunca investigam e
não sabem distinguir e muitos não têm sequer idade para saber que a
Guiné-Bissau não é um território não autónomo em que os
membros das Nações Unidas assumem responsabilidade porque o povo não se governa
completamente a si mesmo ou de um território em regime internacional de tutela
administrativa e fiscal das Nações Unidas.
O que se pode constatar hoje, na Guiné-Bissau, é a
evolução estratégica e metodológica de certos grupos tendo em vista a obtenção
do poder político. Se antigamente recorriam ao sector castrense (às forças
armadas) para atingir o poder, actualmente, esses mesmos grupos estão a tentar
internacionalizar as disputas internas, sobretudo “assuntos que dependam
essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado”, como se prevê na
Carta da ONU.
Ou será que o senhor Modibo
Turé desconhece o princípio da carta que diz: “os membros deverão abster-se
nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer
seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado,
quer seja de qualquer outro modo incompatível (chantagem) com os objectivos das
Nações Unidas”?
"Tarbadjaduris di Guiné-Bissau
Nô sta ku bôs
Senegalés ku purtugis
Elis ku ta fala mal di nô tchooon
Ala ena paga dja sê kinhon tambi
Pa nô terra sta bonitoooo
Nô para fala dja mal...
E sinti medu ku nôs
E fala mal di nô djintis
E pensa kuma e más nós
E fala mal di nô povo
Aiiiiii (...)"
Canção: Bissau
de Américo Gomes