quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

SENHOR MODIBO TURÉ

É preciso ter muita lata.
O senhor Modibo Turé falou da “crise política” na Guiné-Bissau, na qualidade de representante especial do secretário-geral da ONU para o país lusófono na sessão de quarta-feira, 14 de Fevereiro 2018, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como se a “crise” de que se fala fosse resultante de uma controvérsia susceptível de se transformar na ameaça à paz e à segurança internacional. Segundo noticiou “O Democrata”, o diplomata, para mostrar serviço, sustentou que a ONU tem de manter o foco no apoio aos esforços dos líderes guineense para a nomeação de um primeiro-ministro “aceitável”, na criação de um Governo inclusivo, na organização de eleições e na implementação das reformas prioritárias.

Onde está o princípio de igualdade soberana de todos os seus membros, defendida pela ONU?

A ONU é uma organização prestigiada no mundo, mas como todas as organizações que agrega indivíduos e grupos humanos, também é sujeita a ataques de pessoas sem caracter. Os seus representantes nunca investigam e não sabem distinguir e muitos não têm sequer idade para saber que a Guiné-Bissau não é um território não autónomo em que os membros das Nações Unidas assumem responsabilidade porque o povo não se governa completamente a si mesmo ou de um território em regime internacional de tutela administrativa e fiscal das Nações Unidas.

O que se pode constatar hoje, na Guiné-Bissau, é a evolução estratégica e metodológica de certos grupos tendo em vista a obtenção do poder político. Se antigamente recorriam ao sector castrense (às forças armadas) para atingir o poder, actualmente, esses mesmos grupos estão a tentar internacionalizar as disputas internas, sobretudo “assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado”, como se prevê na Carta da ONU.

Ou será que o senhor Modibo Turé desconhece o princípio da carta que diz: “os membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado, quer seja de qualquer outro modo incompatível (chantagem) com os objectivos das Nações Unidas”?

"Tarbadjaduris di Guiné-Bissau
Nô sta ku bôs
Senegalés ku purtugis
Elis ku ta fala mal di nô tchooon
Ala ena paga dja sê kinhon tambi

Pa nô terra sta bonitoooo
Nô para fala dja mal...

E sinti medu ku nôs
E fala mal di nô djintis
E pensa kuma e más nós
E fala mal di nô povo
Aiiiiii (...)"

Canção: Bissau
de Américo Gomes