– NATO cria Schengen militar e lança missão no Iraque       
         por Alex Gorka          [*]         
A          reunião        dos chefes de defesa da NATO em 14-15 de Fevereiro foi dedicada sobretudo a       partilhar o fardo da defesa e outras questões discutidas rotineiramente       nesses eventos. Como de hábito, houve discursos pomposos com significado       opaco a fim de deixar os ouvintes meditativos acerca do que realmente       está por trás daquelas lindas palavras. Na realidade, a       aliança tomou duas decisões de extremo alcance que dão uma       pista acerca dos seus planos para o futuro próximo.        
Os ministros disseram sim à criação do Schengen militar a       fim de facilitar movimentos de forças através do Velho       Continente. A NATO vai abolir os enfadonhos e morosos procedimentos       burocráticos que atrasam o transporte de tropas e equipamento       através dos territórios dos estados membros. Uma das       soluções é um formulário padronizado utilizado       pelos aliados europeus e estados parceiros a fim de permitir tais movimentos. A       Alemanha ofereceu-se para abrigar o centro de comando destinado a implementar o       conceito de          zona de trânsito livre        tendo em vista a sua vasta experiência em apoio logístico.        
Não se trata apenas de rotina burocrática. Uma coisa leva       à outra. O Schengen militar inevitavelmente resultará em despesa       adicional para adaptar as infraestruturas civis às necessidades       militares, com a ampliação de estradas, túneis e pontes a       fim de permitir movimentos de equipamentos e aterragens de aviões       pesados.        
A decisão foi tomada em meio a          preparativos intensos        para reforçar infraestruturas militares próximas às       fronteiras da Rússia. O facto de com a assinatura do NATO-Russia Funding       Act, em 1997, o bloco se ter comprometido a não instalar forças       terrestres "substanciais" em bases permanentes próximas da       Rússia agora parece ser ignorado ou esquecido. Com a       invalidação daquele documento, o relacionamento militar bilateral       ficará destituído de qualquer base legal.        
Para aumentar as forças na Europa do Leste, no Mar Negro, no       Báltico e na          Península Escandinava        o bloco precisa de          novos centros logísticos       . Movimentos de transporte em grande escala e sem obstrução       tornaram-se a prioridade de topo para a implementação dos planos       de guerra, tais como a concentração de          stocks para uma brigada completa dos EUA        pronta para combate na Polónia. Assim, a aliança está a       limpar os obstáculos que prejudicam a sua capacidade de promover       rapidamente a presença e a concentração de forças       para um ataque.        
Os ministros anunciaram outra importante decisão utilizando eufemismos a       fim de ocultar a sua essência. A NATO concordou em lançar uma       missão de assistência e treino no Iraque,                 "estabelecendo academias militares e escolas especializadas".                 Segundo o seu secretário-geral       , Jens Stoltenberg, as prioridades da aliança "no Sul" incluem                 melhorar a capacidade para reagir a futuras crises na região, incluindo        o reforço do planeamento e de exercícios".                Assim, não se trata de uma pura          missão de treino        mas ao invés de um compromisso para juntar-se à campanha dos EUA       destinada a reverter a influência do Irão. Os EUA          cortam as suas forças no Iraque        movendo-as para o Afeganistão, onde a situação       está a piorar e a NATO vai exactamente para ali a fim de preencher a       lacuna, sob o pretexto de treino e reforço de ajuda militar. Com       presença militar, a qual vai a par com missões de treino, a       aliança procura impedir o Iraque de cair dentro da órbita do       Irão e também reduz a          influência russa        naquele país. O Iraque é demasiado importante para deixar de ser       pró Ocidente.        
A NATO também está a prestar aos EUA uma ajuda amistosa na       Síria, o país que Washington considera como um campo de batalha       na campanha para repelir o Irão. O presidente francês, Macron,          acaba de ameaçar        atacar a Síria se a informação acerca da       utilização de armas químicas pelo seu governo for       confirmada. Os EUA          tornaram claro        que não têm planos para abandonar ou mesmo reduzir a sua       presença na Síria após a derrota do Estado Islâmico.       Permanecerão indefinidamente. O objectivo é          conter a ameaça do Irão       . A América silenciosamente          lançou o processo de construção de uma nação        nos territórios sírios sob o seu controle.        
A reunião dos ministros daquela organização multinacional       exprimiu a sua prontidão para dançar ao ritmo dos EUA,       confirmando o seu compromisso de aumentar as despesas com defesa para 2% do       PIB, acelerar o fortalecimento militar na Europa, incluindo a       criação de mais dois comandos, e juntar-se aos EUA na campanha       anti-Irão numa tentativa de refazer o mundo à sua própria       imagem. Assim, temos a mesma velha canção e a mesma dança,       pois a aliança militar permanece em pleno modo de       preparação para o combate.        
19/Fevereiro/2018        
[*]         Analista de defesa e diplomático, russo.         
O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...
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