A bancada parlamentar da Renamo acusou hoje o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, de alegadamente pretender assassinar o líder do principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, para o usar como "troféu político-militar".
Há uma semana, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) anunciaram um ataque e ocupação do local onde Afonso Dhlakama viveu durante um ano, e, segundo a imprensa moçambicana, houve pilhagens de bens do líder da oposição.
Desde que foi desalojado do acampamento em que vivia em Sandjudjira, na província de Sofala, centro de Moçambique, pela ofensiva do exército moçambicano, Afonso Dhlakama é dado pela imprensa local como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa sobre ele um mandado judicial.
Numa declaração hoje à imprensa, a chefe da bancada parlamentar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Angelina Enoque, disse que o ataque do exército moçambicano à Sandjudjira, local onde o líder da oposição viveu no último ano, "visava o seu aniquilamento físico, atitude que se consubstancia na prática dos crimes de homicídio frustrado, invasão ao domicílio, fogo posto e roubo".
"O comandante em chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e o seu Governo pensam que, ao tentar matar o presidente Afonso Dhlakama, é o fim da Renamo", disse Angelina Enoque, que repudiou "veementemente esta forma antidemocrática de ser e estar".
Na mensagem aos jornalistas, que não tiveram o direito a perguntas, Angelina Enoque lançou um repto para um "diálogo sério, sincero e responsável para se alcançar a paz" em Moçambique e questionou "a legitimidade das FADM de atacar, ocupar e saquear a residência de um cidadão moçambicano".
"Os moçambicanos questionam o senhor Armando Guebuza, chefe de Estado e Comandante em chefe, quem autorizou o uso das FADM para consumar aquele ataque macabro, uma vez que não houve prévia consulta à Assembleia da República, ao Conselho de Defesa e Segurança, bem como ao Conselho de Estado", disse a parlamentar.
Para Angelina Enoque, o ataque "é a prova irrefutável de que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique estão partidarizadas. Por isso, a Frelimo e o seu Governo retiraram forçadamente do exército e à margem do Acordo Geral de Paz os moçambicanos provenientes da Renamo".
"Nós, deputados da bancada parlamentar da Renamo e todo o povo moçambicano, estamos chocados e denunciamos tais atos macabros", que, lembrou a responsável parlamentar, vitimou o deputado da Renamo, Armindo Milaco.
"A bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República apoia incondicionalmente Afonso Dhlakama e reafirma que continua coesa e leal ao seu líder e partido", concluiu Angelina Enoque.
Moçambique atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.