O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, garantiu hoje em Luanda que a organização está preparada para intervir politicamente em Moçambique se tal lhe for solicitado.
"Por enquanto, não é necessária nenhuma intervenção da CPLP, mas estamos disponíveis. Os Estados-membros estão disponíveis para, se houver necessidade de alguma intervenção, não digo intervenção militar, mas política, os Estados-membros vão decidir o que é que poderão fazer, mas eu acho que até este momento não é necessário", disse.
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Liga dos Direitos Humanos acusa governo de “irracionalidade no ataque à base da Renamo
22 de Outubro de 2013, 15:17
A Liga dos Direitos Humanos de Moçambique (LDH) considerou hoje "não haver racionalidade" na decisão do governo de atacar a base da Renamo, principal partido da oposição, declarando que a ação "alimenta os receios de reinício da guerra no país".
Moçambique vive momentos de incerteza depois de Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), e um grupo de antigos guerrilheiros do movimento se terem refugiado em local incerto, após a base onde se encontravam aquartelados, no centro do país, ter sido tomada pelo exército moçambicano, na segunda-feira.
O assalto à base de Sandjunjira traduz uma escalada na tensão político-militar que prevalece em Moçambique, desde que a Renamo decidiu boicotar as eleições autárquicas previstas para 20 de novembro, contra a alegada parcialidade na composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE) a favor da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Em comunicado hoje enviado à Lusa, a LDH acusa o executivo moçambicano de falta de racionalidade, ao ordenar o ataque ao acampamento da Renamo, considerando que a incursão poderá empurrar o país para uma nova guerra, como a que assolou Moçambique durante 16 anos.
"Mais do que ninguém, o Presidente Armando Guebuza sabe perfeitamente que não há solução para a paz que passe pela guerra. Não nos parece haver racionalidade nesta decisão do uso da força por parte do governo, pois sobre ele recai a maior responsabilidade sobre a vida dos mais de 20 milhões de moçambicanos", refere a organização.
No comunicado, a LDH acusa o governo de "prepotência e arrogância" na forma como trata de questões de interesse nacional, apontando essa alegada postura como responsável pela rotura nas negociações com a Renamo.
Repudiando o silêncio dos órgãos de soberania moçambicanos face ao agravamento da tensão política no país, a LDH apelou ao chefe de Estado para assumir o compromisso de assegurar a reposição da paz e estabilidade no país.