Um tribunal de Nova Deli proibiu a emissão na Índia de um documentário sobre a violação e morte de uma jovem num autocarro, em 2012, que inclui uma entrevista em que um dos condenados culpa a vítima pelo sucedido.
Mukesh Singh, um dos condenados à morte pela violação colectiva de Jyoti Singh, uma estudante de medicina de 23 anos, afirmou perante as câmaras que uma mulher "decente" não anda na rua "às 9 da noite" e que uma rapariga "é muito mais responsável" por uma violação que um homem.
Singh disse ainda que a jovem não devia ter tentado defender-se. "Devia ter-se mantido em silêncio e permitido a violação. Assim, teria sido depois deixada e apenas teriam batido no rapaz".
Para o tribunal, o documentário "A Filha da Índia" contém declarações que causam "dano público, quebram a paz e criam potenciais tensões e problemas na ordem pública", disse o porta-voz da polícia Rajan Bhagat. "O documentário não pode ser transmitido na Índia", afirmou Bhagat.
O Ministério de Informação e Transmissões indiano emitiu também uma ordem aos canais de televisão do país para que não passem o filme.
Na noite de 16 de Dezembro de 2012, uma estudante acompanhada por um jovem foi violada e torturada por seis homens num autocarro em movimento em Nova Deli, tendo morrido 13 dias mais tarde num hospital em Singapura.
"A filha da Índia", realizado pela britânica Leslee Udwin, será emitido a 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, pela BBC e estava agendado para ser transmitido na Índia pelo canal NDTV. No dia seguinte o filme será apresentado em Nova Iorque, com a presença de actrizes como Freida Pinto e Meryl Streep, para lançar uma campanha mundial pela igualdade e contra a violência sexual.
A realizadora do filme, Leslee Udwin, confessa que ficou chocada com as atitudes dos homens na Índia. asemana.publ.cv