A prática tem uma taxa de cerca de 27 por cento.
A mutilação genital feminina continua a ser uma prática comum em vários países e acredita-se que afecta mais de 140 milhões de raparigas e mulheres.
As Nações Unidas comprometeram-se, desde 2012, a acabar com a prática, e bilhões de dólares foram gastos na procura de consciencialiar a todos dos que perigos dessa prática.
Numa pequena comunidade do Quênia, as pessoas dançam ao longo das estradas e em estradas que ligam as vilas remotas. Todos estão num clima de celebração, pois uma cerimónia de circuncisão acabou de ser feita.
A circuncisão de meninos é legal no Quênia. A mutilação genital feminina não. Mas a comunidade de Kuria, no sudoeste do Quênia, pratica abertamente a circuncisão feminina e nenhum oficial de polícia ousa tentar impedi-los.
Alguns policiais e oficiais do Governo que não quiseram se identificar disseram à VOA que eles estão em menor número e que a comunidade vira-se contra eles se tentassem agir.
Longe das ruas, os repórteres encontraram duas raparigas que passaram pela circuncisão naquela manhã. Eles dizem que se podia ver o trauma nos seus rostos, apesar de uma idosa tentar animá-las e assegurar que têm lugar na sociedade de Kuria.
Elas estão preparadas e prontas para se juntarem ao resto das raparigas que passaram pelo ritual de circuncisão, que sinaliza a transição para a vida adulta.
Do lado de onde acontece a celebração, uma igreja abriga mais de 20 garotas que foram socorridas na cerimínia de circuncisão.
Na igreja elas aprendem três principais matérias: matemática, inglês e estudos religiosos.
Pendo Gati é uma sobrevivente da prática da circuncisão e graduada no ensino médio. Ela diz que se sentiu insegura na comunidade.
“Meus pais não queriam aquilo, mas o clã forçan as raparigas à prática e eu não vejo nenhuma importância em ser circuncidada. Então eu decidi vir aqui e procurar por um lugar melhor para viver”, conta Gati.
Aquelas que escaparam da circuncisão, com séculos de tradição, enfrentam abusos e maldições.
Robi Marwa é directora de uma escola secundária e recusou-se a passar pelo corte.
“Durante o meu casamento, algumas pessoas de onde eu venho diziam que sim, o casamento é bom, mas que eu não iria ouvir o choro de uma criança. As pessoas perguntavam porquê, e eles diziam que eu já estava amaldiçoada, não podia dar a luz”, conta.
Aquela maldição e ofensas fazem parte do passado. Robi Marwa tem quatro filhos, é graduada na universidade e tornou-se um exemplo para muitas raparigas na sua comunidade.
Florence Gachanja trabalha com o Fundo Populacional das Nações Unidas para Combater a Mutilação Feminina. Ela diz que, apesar das celebrações nas ruas de Kuria, as pessoas estão a lutar para combater a prática.
Entretanto, a prática da circuncisão feminina tem uma taxa de 27 por cento entre as raparigas e mulheres do Quênia, mas alguns lugares é ainda superior. Fonte: Aqui