[REPORTAGEM] Os populares das aldeias de Bará e Quibir, localidades que pertencem a sector de Mansoa, região de Oio, no norte do país, que se sentiram ‘abandonados’ pelo Estado guineense nos fundos das matas sem centro de saúde e muito menos infraestruturas rodoviárias que permitam a circulação de pessoas e bens. Para contornar o isolamento, decidiram, no entanto, ‘desafiar’ as autoridades, através de uma iniciativa da construção de uma nova estrada em ‘terra batida’ custeada pela própria comunidade por meio de uma cotização de todos os habitantes daquelas duas aldeias com idade compreendida entre 15 e 70 anos, com a excepção de doentes e idosos. CADA habitante contribuiu com uma soma de 20 mil Francos CFA.
As aldeias de Bará e Quibir ficam situadas a extremo sul de Mansoa e sudoeste do Jugudul, uma localidade a 18 quilómetros da Cidade de Mansoa. São cercadas, em forma de ilha, por meio de um rio que corre até ao rio Geba, leste do país. Ambas as tabancas pertencem à secção de Bindur (sector de Mansoa). Distam a 15 quilómetros da estrada principal que liga o posto de controlo de Jugudul (Portagem). Aldeia de Bará tem uma população estimada em 417 e Quibir conta com 170 habitantes, de acordo com o senso do Instituto Nacional de Estatística de 2009.
POPULARES DE BARÁ E QUIBIR INVESTIRAM MILHÕES PARA ABRIR ESTRADA NO MEIO DA MATA
Uma equipa de reportagem do semanário ‘O Democrata’ descolou-se este fim-de-semana para as aldeias de Bará e Quibir, com intuito de confirmar os fatos inéditos e constatou a flor de pele que aquele povo agricultor, por iniciativa própria, decidiu entrar a mata para fazer “cirurgia” no meio de uma floresta que, desde a independência do país, nunca conheceu pneus de carros para abrir uma estrada a fim de facilitar a ligação entre as suas aldeias para a estrada principal que liga Jugudul e a cidade de Mansoa.
As referidas aldeias são habitadas geralmente pelas etnias Balanta (maioritária), Manjaca e Beafada (minoritárias). O rendimento económico das populações das duas tabancas vem, essencialmente, da agricultura (pomares de caju), exploração de Óleo de Palma, da produção do arroz e do tomate. Outras atividades adicionais estão ligadas à exploração de alguns frutos silvestres (faroba, fole, veludo, calabaceira, tifá, etc).
O troço que ligava aquelas aldeias à estrada principal em Jugudul nunca beneficiou de obra de reabilitação e se encontrava numa situação da degradação total, que no período da chuva torna-se intransitável por causa da água que acabam por cortar a estrada em algumas zonas. Um dos mentores da iniciativa da construção da estrada através da cotização das comunidades é um jovem da aldeia de Bará, Tchig At-té, que se sentiu revoltado com a situação em que se encontram e engajou-se a partilhar a sua ideia com o seu amigo que reside em Mansoa, Manuel Jorge Sigá (Tiu Djodje), que iguamente é motorista de um camião que faz o serviço de transporte público entre as aldeias de Bará e Quibir.
Tiu Djodje, nome de que vulgarmente é conhecido, abraçou a iniciativa de jovem Tchig At-té, bem como aceitou instrui-lo sobre o procedimento que deveriam tomar para levar a iniciativa para a frente. Djodje passou a servir de pessoa de confiança entre a comunidade e as empresas proprietárias das máquinas, no entanto, é considerado pelas comunidades como o engenheiro da obra, mas sempre nega ser engenheiro e, é apenas um voluntário que se levantou para apoiar uma comunidade.
Decidiu-se criar uma comissão que assumiu o recenseamento das populações a nível das duas aldeias, como também reunir com os chefes de tabancas para analisar o preço que deveria ser implementado como a quotização para os habitantes.
A comunidade concordou com a ideia e decidiu que para implementar o plano aplicaria uma soma de 20 mil francos cfa por cada habitante daquelas duas aldeias. Foi assim que a comunidade das duas aldeias conseguiram angariar uma soma estimada em milhões de francos cfa e que os permitiu iniciar com a obra. Contaram também com alguns apoios pontuais de alguns indivíduos particulares. No entanto, depois de reunir o dinheiro, motorista, Manuel Jorge Sigá e o financeiro da comissão deslocaram-se para a capital Bissau, a fim de negociar com as empresas proprietárias das máquinas.
Segundo as informações, algumas empresas de construção da estrada cobraram uma soma de 14 milhões de francos cfa por quilómetro da estrada em terra batida, mas Djodje recusou seguir por essa via e engajou-se a mobilizar as empresas no sentido de alugar as máquinas a um custo menos exorbitante, normal e suportável pelas comunidades de Quibir e Bará.
Aproveitaram também das pedreiras situadas naquelas zonas para retirar a pedra e areia, foi assim que se conseguiu construir de uma forma improvisada uma estrada de quase nove quilómetros e sem enquadramento técnico que envolvesse um topografo profissional ou orientação de um engenheiro da construção das estradas. Contudo, a nossa reportagem constatou uma estrada de ‘terra batida’ que aos olhos nus é difícil descobrir se está bem ou mal, porque apresenta uma forma igual ou semelhante às estradas de terras batidas construídas um pouco por todo o país, graças à orientação do mecânico e motorista, Manuel Jorge Sigá (Tiu Djodje).
Para a construção da mesma estrada, houve corte da floresta, pomares de caju e outras plantações que gerou muita polémica entre os que tinham a iniciativa e os ocupantes dos terrenos onde passaria a estrada, porque entendiam que era um desperdiço total ceder espaço para construir a estrada.
O grande feito conseguido na construção do troço tem a ver com a dinâmica imprimida pela comissão que integra comités de tabancas e pessoas particulares que conseguiram mobilizar toda a população para contribuir num valor de 20 mil francos Cfa por cada. Constatou-se que muita coisa ainda falta para ser feito. Uma delas é liquidar as dívidas contraídas com as empresa construtoras contratadas e pessoas singulares que depois do início das obras decidiram aplicar o seu dinheiro para agilizar os trabalhos enquanto as mobilizações e as quotizações decorriam nas comunidades.
TCHIG AT-TÉ: ‘MESMO NÃO RECEBENDO DE VOLTA O DINHEIRO QUE EMPRESTEI, NÃO ME SINTO ARREPENDIDO’
Tchig At-té, protagonista da iniciativa que reside na aldeia de Bará balanta, explicou a equipa de repórteres que a título de empréstimo à comunidade, entregou a comissão uma soma estimada em 2.700 000 (dois milhões e setecentos mil) francos Cfa bem como assumiu emprestar da mão de uma pessoa uma soma de 1.700 000 (um milhão e setecentos mil) francos cfa para fazer avançar a obra que estava ameaçada por falta de meios financeiros. Acrescentou ainda que apenas na sua casa saiu uma soma de mais de 300 mil francos cfa, tendo em conta os número de membros da família e que atingem a idade definida para o pagamento da referida contribuição.
Tchig At-té é igualmente comité interino de Bará, não escondeu a sua indignação pela situação que atravessam e lamentou o fato de terem sido remetidos ao isolamento, mesmo depois de várias tentativas encetadas junto da administração regional e setorial, bem como dos deputados eleitos naquela zona.
Revoltado com o tratamento a que foram alvos na tentativa de procurar bem-estar para a sua comunidade, diz temer que um dia alguém chegue lá e desocupa-los à força, “porque não são da Guiné-Bissau”. Também faz apelo ao Estado a minimizar o sofrimento dos populares de Quibir e Bará, sobretudo as grávidas através da construção de um centro de saúde.
“Em 2016, a minha sobrinha faleceu no período das chuvas neste exato momento. Quando teve problema de parto carregamo-la de maca a pau de Bará a Jugudul, mas não resistiu. Porque, chegamos tardiamente demasiados a zonas de acesso e quando chegamos ao Hospital de Toca-toca que nos transportou de Jugudul ao hospital de Mansoa já era tarde acabou por morrer. Tudo em consequência de falta de estrada, porque se não fosse essa e demais razões não teria havido tantas mortes que podiam ser evitadas incluindo a da minha sobrinha”, lamenta.
No mesmo ano (2016) os relatos indicam que cinco pessoas terão morrido em consequência de falta de estrada que desse acesso às duas localidades para transportar doentes, que acabaram mortos quando tudo podia ser evitado a tempo se não fosse a situação precária das vias e estradas daquela zona.
Diz acreditar, no entanto, que talvez seja uma das, entre mil razões que levou a população acolher favoravelmente a iniciativa sem grandes transtornos e com o espírito de solidariedade e de entreajuda nas duas comunidades.
Entretanto, Tchig At-té diz não ter ficado arrependido do gesto que fez para o bem-estar das comunidades de Quibir e Bará, mesmo que depois não conseguir recuperar ou ter de volta o seu dinheiro proveniente da venda de castanha de caju, portanto diz que fê-lo livremente para ajudar a tabanca a que também pertence. Sublinhou ainda que ele mesmo assumirá o pagamento do dinheiro que emprestou da parte do seu colega, uma soma de 1.700 000 FCFA.
TIU DJODJE – MOTORISTA QUE VIROU EM ‘ENGENHEIRO’ E ‘TOPOGRAFO’ DA ESTRADA DE BARÁ E QUIBIR
Manuel Jorge Sigá (Tiu Djodje), um motorista mecânico que conduzia um camião que fazia o serviço de transporte público entre a cidade de Mansoa e as aldeias de Bará e Quibir, que conseguiu na sequência do seu dinamismo no processo, sementar amizade que mereceu a confiança de habitantes daquela zona, explicou que os habitantes acreditaram na sua pessoa e, por isso convidaram-lhe a fazer parte bem como dirigir a iniciativa juntamente com a comissão formada pelos habitantes daquelas aldeias.
“Aquilo foi muito arriscado para mim devido a meu antecedente, que muitos temem que nunca mais fosse repensado e superado. Decidi e fizemos o recenseamento. Eram na altura mais de setecentas pessoas, mas depois o número ficou reduzido a algumas unidades, porque algumas pessoas recenseadas no momento não eram de lá, eram apenas hóspedes que foram simplesmente assistir ao ritual do fanado e alguns jovens que também não são de lá, foram ao fanado e a situação complicou-se ainda mais, mas conseguimos avançar com a ideia, embora fosse arriscado”, explica.
Manuel Jorge Sigá que assumiu também as funções do engenheiro e topógrafo da estrada, revelou que inicialmente contactaram as empresas da construção da estrada no sentido de as contratar para fazer o trabalho, mas a soma de 10 e 14 milhões de francos Cfa por quilómetro solicitada pelas empresas levou-lhes a desistir e pensar em alternativas de alugar as máquinas para fazer o trabalho.
“Pela minha curiosidade fiz corredores às empresas que sabia que fazem o mesmo trabalho e curiosamente conseguimos alugar as máquinas, mas deixei claro ao Tchig At-té, comité interino de Bará, que nada seria feito sem a presença da comissão ou consentimento das comunidades. Portanto, tudo que foi feito desde a contratação das empresas, pagamentos e mais alguns assuntos foi sempre do conhecimento de todos”, conclui.
Explicou que graças a sua intervenção a tabanca de Quibir que, estava reticente quanto à viabilidade do projeto, aderiu à inciativa conscientemente. Sublinhou, no entanto, que no começo dos trabalhos, a comissão tinha apenas 300 mil francos Cfa disponíveis.
Mas depois de Tchig At-té envolver o seu dinheiro de castanha de caju as dúvidas começaram a derreter-se das cabeças que, até altura, padeciam de ambivalência em decidir se sim ou não. Em relação aos apoios, reconhece, contudo, que houve apoios pontuais de pessoas coletivas e até de singulares, mas que não tinham grande importância para sobrepor a vontade e a dinâmica mental dos populares de Bará e Quibir.
Informou ainda que iniciaram os trabalhos da construção da estrada no dia 18 de maio do ano em curso, conseguiram fazer um troço de quase nove quilómetros no meio da floresta. Avançou que apenas abriram uma estrada no meio da mata e numa distância de quase nove quilómetros, ou seja, a partir da estrada principal (Jugudul e Mansoa) até a antiga estrada no interior da mata que dava acesso às duas aldeias.
Reconheceu que a antiga estrada também requer uma intervenção pontual de máquina, de formas a poder abri-la um pouco e cobrir alguns buracos, mas adianta que de momento a prioridade é abrir uma estrada que permite a ligação facil para Jugudul, uma vez que antiga rota já é intransitável.
Assegurou que quase terminaram a obra e resta colocação de pontes em algumas localidades, por isso apela à intervenção das autoridades em ajudar neste sentido, porque a população não tem a capacidade financeira para fazer uma ponte segura que permita a passagem das viaturas. No entanto, revelou ainda que têm algumas contas ou dívidas com as empresas que estão a solicitar a liquidação das contas, mas adianta que no momento a população não tem o dinheiro e estão a pensar na possibilidade de mobilizar mais fundos para pagar algumas dívidas em atraso e inclusive das empresas.
CHEFE DE TABANCA DE BARÁ REVELA QUE AS MULHERES GRÁVIDAS ERAM TRANSPORTAVAS DE MACAS
Dam-na Mbali, chefe de tabanca de Bará, esclareceu durante a entrevista que o que motivou as duas comunidades a organizarem-se para construir a estrada, tem a ver com a situação das grávidas, que perdem vidas em pleno parto, porque as condições em que o antigo troço, a escassos metros da estrada principal, se encontrava não permitia acesso tanto para as viaturas como para bicicletas e muitos menos as motorizadas. Outra razão tem a ver com os produtos que acabam por estragar-se no local, porque não têm condições para escoa-los nem por via do rio nem por via terrestre.
“Em caso da necessidade de evacuar um doente em situação grave ou uma grávida construímos uma maca a pau e carregamos o/a paciente até ao posto de controlo do Jugudul ou lugares onde há acesso de viaturas ou qualquer meio de transporte para podermos socorrê-los. Principalmente as grávidas que, em certas circunstâncias desagradáveis, morrem no caminho e em pleno parto ou dão a luz, mas com o feto já morto na barriga”, revela.
Segundo Dam-na Mbali, em finais de 1997 e início de 1998 doze pessoas morreram de cólera, em Bará, porque não havia estrada que permitisse a intervenção dos agentes de saúde em Bará. A maioria dessas pessoas era pessoas que tentavam socorrer pessoas que tinham contraído doença, mas acabaram contaminadas e mortas.
Neste sentido, pede a intervenção do Estado para poder cobrir algumas dívidas contraídas com as empresas de construção contratadas para construir a estrada porque, segundo disse, o maior rendimento económico que têm vem da castanha de caju e quando a campanha de comercialização do produto termina, a luta pela subsistência torna-se no “calcanhar do Aquiles”.
“Foi um trabalho árduo da própria comunidade que decidiu aplicar o pouco que tem rendido da sua produção, mas é chegado momento de o Estado assumir a sua responsabilidade e uma das responsabilidades é ajudar a população a liquidar dívidas que contraiu com as empresas construtoras e pessoas singulares”, explica.
O agricultor informou ainda que algumas crianças das duas comunidades frequentam as aulas na tabanca de Date, mas acabam todas molhadas ao longo do percurso. Porque Bará e Date estão separadas por meio de um rio. Mas todos os dias as crianças atravessam o rio a procura da escola e dias em que o rio está agitado causa danos. As crianças chegam às casas, às vezes, molhadas e livros estragados, tudo devido à falta da estrada.
Equipa de reportagem ouviu igualmente António Sana, o único Agente de Saúde Comunitária local, que não conseguiu esconder a satisfação que tem depois de todo o trabalho feito para ter quase pronta a estrada que diz custou muitas negociações para convencer as comunidades sob sua jurisdição. Diz não foi desafio fácil. Todavia, valeu no que resultou a favor da comunidade.
Enquanto Agente de Saúde Comunitária que lida diretamente com as grávidas também recorda-nos de dois casos ocorridos em 2014/2016. Um, de 2016, tem a ver com uma grávida que deu a luz em cima dos jovens que a levavam de maca para Mansoa, mas a criança morreu. Outro aconteceu na localidade de Date em 2014. A grávida que os jovens transportavam caiu e embateu-se a barriga no chão, a criança morreu no local e mãe mais tarde.
“Hoje é um alívio enorme!…alívio enorme!…porque vou poder salvar muitas vidas e com respostas a tempo das autoridades sanitárias de Mansoa”, justifica António Sana afirmando que estava disponível e pronto a encetar nova mobilização para novas quotizações para poder terminar os trabalhos e ficar tranquilo.
Beleta Tchonga, uma mulher da aldeia de Bará, disse que no início os habitantes não acreditavam no projecto, porque pensavam que era difícil executar, estavam reticentes em pagar a quotização defendia. Confessou que, hoje, toda agente ficou satisfeita com a estrada, pelo que a partir de agora estão disponíveis para pagar qualquer quotização que a comissão solicitar no futuro.
“As mulheres das duas localidades estão entusiasmadas com abertura da estrada, dado que a mesma permitirá doravante a circulação da ambulância do hospital de Mansoa, bem como de outras viaturas para escoarmos os nossos produtos”, sublinha.
POPULARES DE BARÁ E QUIBIR CLAMAM POR CENTRO DE SAÚDE
Em relação aos sectores sociais (educação e saúde), a reportagem registou que as duas localidades dispõem apenas de uma escola de duas salas de aula construída com ajuda das organizações internacionais, mas a comunidade tomou a iniciativa de subsidiar os professores através de uma quotização mensal, de formas a incentivá-los tendo em conta ao isolamento e às dificuldades.
Quanto ao sector de saúde, a situação parece ser mais complicada do que a do sector da educação. Tanto Bará e Quibir não dispõem de centro de saúde local para atendimento dos casos básicos que não requerem grandes intervenções médicas. Apenas um Agente da Saúde Comunitária (ASC) faz o acompanhamento de casos pontuais que surgem nas comunidades, com particular incidência nas grávidas que, por falta de estrada para a sua evacuação, perdem vidas a caminho do Hospital Regional de Mansoa ou dão a luz com o feto já morto, por chegarem demasiadamente tarde ao Hospital Regional de Mansoa ou porque caiem das macas a pau e são carregadas para Jugudul ou nas proximidades, zonas com maior acesso para as viaturas.
O que, na opinião da maioria dos nossos entrevistados mostra que, antes da construção da estrada, várias vidas humanas foram perdidas em consequência da inoperância de sucessivos Governos e de falta de responsabilidade do Estado em desenvolver o país e nem se quer se dignou, pelo menos, abrir um troço que facilitasse a ambulância do Hospital de Mansoa chegar às duas localidades.
Por: Filomeno Sambú/Assana Sambú
Foto: AS