domingo, 6 de agosto de 2017

JOVENS DE BISSORÃ AUMENTAM A CAPACIDADE DE INTERNAMENTO NO CENTRO DE SAÚDE

As consequências de 4 décadas de (des)governação do PAIGCWOOD estão à vista, e quem sofre com isso, é o Zé povinho. 
 
O PAIGCWOOD nem sequer foi capaz de conservar, pelo menos, as infraestruturas e o património herdados da administração colonial, tudo se encontra na mais completa degradação. O PAIGCWOOD é tão incapaz até para resolver os problemas internos criados por ele mesmo. Senão, vejamos. A presente crise no país teve origem no seu seio, devido às intrigas de que são especialistas os seus membros na disputa de poder, mas até ao momento ainda não conseguiu ultrapassá-la, mantendo a Guiné-Bissau como refém dos interesses, meramente, partidários. O PAIGCWOOD precisa de purificação, desinfestação, desinfeção com lixívia e creolina, sob pena de continuar a ser rotulado como santuário de criminosos, laboratório de crises políticas, instabilidades, intrigas, assassinatos, entrave ao desenvolvimento etc, ect.  Estamos fartos de atual PAIGCWOOD!
 
[REPORTAGEM] Os jovens da Associação dos Nativos e Amigos do Setor de Bissorã (ANASB) aumentam a capacidade de internamento no Centro de Saúde de Bissorã ‘Iaia Nab’ de categoria [de tipo B], através da construção de um novo pavilhão de duas salas com capacidade de 30 (Trinta) camas, 15 (Quinze) para cada uma das salas destinadas a acolher Crianças [Pediatria] e Adultos. Mesmo com a divisão feita por ANASB, os responsáveis do centro terão toda a liberdade de definir os departamentos que funcionarão no edifício.
 
O Setor de Bissorã, considerado dos mais populosos da  Guiné-Bissau, possui uma população estimada em 58, 622 habitantes, distribuídos em 174 tabancas numa superfície terrestre de 1200 km² (Mil Duzentos Quilómetros Quadrados) mas tem um centro de saúde da segunda categoria. Por exemplo, a sala para internamento dos doentes com tuberculose tem apenas 6 camas e sala para internamento de adultos possui somente duas camas.
 
Tudo começou quando em meses de outubro, novembro e dezembro de 2016, registou-se um surto de malária no setor de Bissorã. As camas para internamento estavam lotadas e muita gente recorreu-se à casa e trouxeram colchões para o centro de saúde para poder receber a  assistência médica necessária. E torna ainda mais difícil para quem se desloca das aldeias para cidade de Bissorã, estes últimos recebem tratamentos médicos na varanda do centro sanitário onde dormem.
 
Tendo em conta ao sofrimento visível da população, um jovem pertencente à ANASB teve a ideia de lançar um desafio para que fossem os habitantes de Bissorã a engajarem-se seriamente no sentido de minimizar a dor dos “bissorenses”.
 
O mentor da ideia disse que perante o sofrimento dos irmãos, irmãs, mães e pais, não se deve ficar com os braços cruzados, “esperando que o Estado venha fazer tudo por nós, temos que ter uma iniciativa para minimizar o sofrimento do irmão, parente um familiar”, realça sublinhado, contudo, que através da inciativa lançou-se uma campanha de recolha de blocos ao nível do setor de Bissorã. Cada casa participaria com 5 blocos com vista a construir um pavilhão no centro de saúde que minimizasse aquela situação, explicou a nossa equipa de reportagem o vice-presidente de ANASB, Umaro Camará.
 
Para que toda população se sinta envolvida no projeto, os jovens de ANASB decidiram afastar a iniciativa da associação e estrategicamente atribuíram o desafio a toda a comunidade do setor de Bissorã, com vista a ter maior aderência, envolvendo as autoridades setoriais e comités de bairros, aos quais foram encarregues a missão de recolher os blocos dos seus bairros, mesmo assim, de acordo com Umaro Camará, apenas conseguiram arrecadar apenas mais de 270 blocos a nível da cidade de Bissorã.
 
POPULARES DE BISSORÃ DECLINAM DA BOA INICIATIVA DOS JOVENS
 
Mesmo com pouca aderência, movidos pela força e vontade de fazer algo em prol do bem-estar de Bissorã, os  jovens decidiram seguir em frente com a iniciativa até edificar o pavilhão em causa. Contudo, Camará reconhece que talvez algumas iniciativas fracassadas podem estar na base do insucesso ou da falta de adesão da população à iniciativa.
 
“Mesmo com o número reduzido de blocos decidimos lançar a primeira pedra para despertar a atenção das pessoas sépticas à iniciativa, e convidamos os deputados do Círculo 5, infelizmente apenas um deles compareceu ao ato do lançamento da pedra para construção deste pavilhão. Também produzimos cartas para pedir apoios, a maioria  não teve respostas positivas mas vamos com o projeto até ao fim. Felizmente, hoje, temos paredes  já feitas”, afirma este ativista social.
 
Para levar avante o projeto, os jovens contam com as receitas provenientes de uma bomba de água potável construída para a comunidade local, mas que abastece o líquido precioso ao centro de saúde. A comunidade de Bissorã compra a água a partir dos 25 francos por cada 25 litros de água, processo do qual conseguem arrecadar por dia uma soma de 2.000 a 3.000 francos CFA. Revela ainda que por mês a quantia ascende até  aos 80 mil francos CFA, dependendo da quantidade da água comprada.
 
RECEITA DA ÁGUA POTÁVEL TORNA REALIDADE O PROJETO DE NOVO PAVILHÃO
 
Depois de arrecadarem o rendimento mensal proveniente da compra da água potável  da bomba, os responsáveis do projeto compram cimentos e de seguida pedem emprestado um carro para procurar cascalhos junto às pedreiras da zona e areia para o fabrico de blocos para a construção do novo bloco no centro sanitário ’Iaia Nab’. Portanto, o grande segredo centra-se nesse plano que resultou na construção de numa obra quase acabada, desde o mês de março de 2016. O conjunto  de blocos que os responsáveis possuem de momento cobrirão toda construção do edifício, faltando apenas alguns para  construir casas de banho e respetivas foças.
 
O Projeto recebeu um apoio no meio deste ano da parte do  Ministério da Mulher e Solidariedade Social, através do seu ministro, Carlos Alberto Kennedy Barros que disponibilizou 39 sacos de cimentos e 100 folhas de zinco, 10 cadeiras plásticas e 10 espumas-solteiro, depois de ser convidado a visitar a referida obra.
 
A outra dificuldade que obrigou até a paragem das obras foi quando, em abril deste ano, a bomba que servia de fonte de receita para sustentar a construção do pavilhão hospitalar teve avaria há cerca de cinco meses e os responsáveis não conseguiram concertá-la. De acordo com as informações, o problema tinha a ver com a placa dos painéis solares instalados na “mãe de água” para a bomba desse líquido precioso. Segundo o técnico que já se deslocou duas vezes a Bissorã, a placa em causa custa cerca de 400 mil francos CFA, mas até a altura da realização desta reportagem não havia a venda no país.
 
“Se não conseguirmos outra placa, certamente, teremos que remover o atual sistema para instalar um novo sistema isto nos custará entre 1 500 000 a 2 000 000 Milhões de FCFA”, conta Umaro Camará. Para de seguida referir que se converter cinco blocos em dinheiro será de 1.750 mil francos CFA.
 
Os mentores da iniciativa já foram acusados de terem recebido um financiamento para a construção do pavilhão e estão a pedir a cotização à população para poderem apoderar-se do dinheiro financiado, fato que Camará considera de má fé, porque não corresponde à verdade.
 
Mais à vontade do que se esperava o jovem mentor da iniciativa aceita o desafio e diz que “que quem trabalha sempre espera críticas de todo o género, por isso deve estar preparado para as receber a qualquer momento”.
 
Camará disse ainda que cada cidadão deve ter a noção de que tem seus direitos e também seus deveres porque, segundo disse, os direitos e deveres andam juntos. Assinalou, no entanto, “que se reclamamos os nossos direitos, temos que cumprir com nossos deveres para não esperar tudo do Estado naquilo que a comunidade pode executar para o bem de todos”, conclui.
 
RASB NASCEU PARA MINIMIZAR DIFICULDADES DAS ASSOCIAÇÕES DE BISSORÃ
 
O maior Setor da Região de Oio, Bissorã no Norte da Guiné-Bissau conta, desde os finais do ano passado [2016], com uma congregação das organizações sociais, denominada de Rede das Associações do Setor de Bissorã (RASB), que visa aliviar as dificuldades que associações enfrentam.
 
A iniciativa surgiu depois de um grupo de jovens deste setor chegar à conclusão das dificuldades que as associações enfrentam para se organizarem com vista a desenvolver trabalhos que há no setor e decidiu-se abraçar o desafio de criar uma rede de associações de Bissorã.
 
Numa entrevista ao jornal O Democrata, o presidente da RASB, João Manuel Binhagué (Solna)  revela que a Rede sempre defronta-se com problemas em manter contatos com algumas associações, sobretudo quando há seminários ou outros eventos onde as organizações devem participar.
 
Neste sentido, acrescenta que uma das missões da Rede das Associações do setor de Bissorã  é acabar com o favoritismo na seleção das organizações sociais para tomar parte nas formações.
 
“Algumas associações existem, mas geograficamente estão distantes da cidade de Bissorã. Às vezes não conseguem ser chamadas para participar nos seminários, por isso decidimos criar uma rede que albergará todas as associações do setor, sendo também a RASB encarregue de selecionar as organizações vocacionadas para uma determinada área para participar nos seminários e nas formações futuras que serão organizadas pelas organizações parceiras”, explica João Manuel Binhagué.
 
Na realização da primeira assembleia-geral da  RASB tomaram parte 27 associações, alguns ainda não regularizaram  suas inscrições junto da comissão encarregue de registar todas as associações existentes no setor de Bissorã, para se tornarem membros de pleno direito mediante o pagamento de uma jóia de 10 000  francos CFA e uma quota mensal de 1000 francos.
 
Por isso, esclarece que a sua organização contará com todas as associações existentes em Bissorã. Criada em dezembro de 2016, neste momento os responsáveis da RASB, eleitos em janeiro deste ano e que tomaram posse no mesmo mês, estão a identificar todas as associações existentes no sector para disseminar informações  sobre existência da Rede, assim como sensibiliza-las dos benefícios que pode trazer às suas organizações. O próximo passo, de acordo com o responsável da Rede, será o de  construir a sede da organização, mas, mesmo assim, abre a possibilidade de arrendar um espaço para instalar a Rede-RASB.
 
A Direção-Geral do Plano para a Região de Oio foi um dos motivadores do projeto RASB, tendo manifestado a sua dificuldade em contatar as associações individualmente no setor de Bissorã, que também foi primeira entidade a adotar a iniciativa  de criar uma rede, de acordo com as informações,  a semelhança de outros setores da região tencionam  também seguir o mesmo caminho.
 
 
Por: Sene Camará
Foto: SC
julho 2017