GUINÉ-BISSAU: DE NOVO NA ENCRUZILHADA?
O que poderá deduzir-se dos ciclos sucessivos de
instabilidade política no nosso país?
É de reconhecer que a pergunta é vaga e exaspera, de certeza,
várias leituras. E também não dá para chorar agora sobre o "leite derramado". Mas, no meu entendimento, esta onda incurável de crise política
parece estar directamente relacionada com a noção de poder e o tipo de gestão assumido
na transição política, de militar para civil.
Quando se chegou à independência, era suposto ter inicio
um processo de transição política, mais ou menos longo, que os próprios
militares fossem actores principais e interessados na gestão da transição
política militar para civil, tendo em conta a legitimidade da luta de
libertação. Mas, infelizmente, este sonho ainda não foi alcançado. Por exemplo, Nino Vieira não foi capaz de fazer a transição política necessária e nem houve entrega pacífica de "testemunho". Por um lado,
não é raro escutar quem defenda o afastamento dos militares da política e, por
outro, os que fazem recurso aos militares para a disputa política. Para os
partidários de Ramos Horta, Cadogo Júnior e Companhia Lda., os militares são,
matematicamente, “ovelha ranhosa” da nossa política. Para eles nunca são parte
da solução do problema, mesmo em situação da crise política como a que se vive hoje no nosso país.
Essas mesmas pessoas já são capazes de apoiar acção militar contra figuras
públicas como de Robert Mugabe, entre tantos outros.
Pergunto: a nova geração, sem “testemunho” político como
poderá dar continuidade ao processo? Os partidários da ruptura com os militares
são uma espécie da ideia de “Porsche no buraco”. Sabemos que os carros top de
gama não têm ambiente de circulação em Bissau, mas temos que importá-los. Uma
visão anti-histórica por excelência que continua a importar modelos de
pensamento sem olhar para a realidade que está diante dos nossos olhos.
A visão civil e antimilitar ou de “inclusão” defendida
por Ramos Horta e Cadogo Júnior, tem um cunho salazarista, anti-libertação que tem arrastado “tempestades” para a nossa Guiné-Bissau: 1) fez-se eleições mas os militares deram golpe de estado em
2012; 2) falecimento misterioso de Kumba Yalá 3) DSP destituído do cargo de
Primeiro-ministro; 4) o PAIGC maioritário expulsa 15 deputados e nunca mais governou;
5) os decretos presidenciais que nomeiam primeiros-ministros esgotaram-se; 6)
insanável divergência entre o JOMAV e o Presidente do PAIGC; 7) Assembleia
Nacional Popular encerrada “sine die”; 8) a PGR arquiva investigação de
assassinatos de figuras públicas; 9) regresso perigoso de Cadogo Júnior do
asilo, sem consequências;”; 10) DSP realiza primeiro congresso antidemocrático
no país democrático. Conclusão: estão reunidas as condições para os abutres “do
interesse político e financeiro”.
“NBUSKA
UM AMIGU MAMA…
NBUSKA
UM KUMPANHER …
NBUSKA
UN KAMARA…
NBA
OTCHA UM SAKANA DI MERDA…
NHA
PARENTIS NKA TEM SORTE DÉ…”
De Tino
Trimó