Por: Umaro Djau II , jornalista da CNN
Querem que eu seja isento. Ou seja, querem que eu apenas observe, sem dizer absolutamente nada.
Querem que me abdique de dizer certas verdades. Querem que eu finja de que tudo está bem.
Que há boas escolas, bons hospitais, boas estradas e boas infraestruturas públicas.
Querem que eu ignore a corrupção rompante, o banditismo, a injustiça, a desorganização, a imoralidade, a indisciplina, as preferências, etc.
Querem que eu seja isento face à história do país. E que os injustiçados não merecem a minha defesa e solidariedade.
Bem, aqui vai a minha resposta.
Como filho da Guiné-Bissau nunca poderei ser uma pessoa isenta. E peço-vos a todos que não tentem ser isentos.
Não nos abdiquemos da nossa obrigação moral e patriótica de apontar os nossos males e responsabilizar os culpados.
Por favor, não me peçam para ser isento. Isenção face à miséria de um povo todo seria uma cumplicidade imperdoável.
O cidadão Umaro Djau não quer ser uma pessoa isenta. E nenhum outro cidadão deve. Pois, o custo de isenção popular é a anarquia, o nepotismo, a arrogância, a desordem e o desprezo. Dos políticos e dos governantes.
A era de "nha boka kastala" deve ser uma coisa do passado, se não nos abdicarmos da nossa responsabilidade individual e colectiva.
Assim exige a situação actual da Guiné-Bissau.
--Umaro Djau, 3 de fevereiro de 2018
Foto da autoria de: Tanu Gabu