A Líbia foi hoje palco de novas violências em Tripoli e em Benghazi (leste), onde um engenheiro francês foi morto a tiro, o que ilustra a anarquia reinante no país desde o fim do regime de Muammar Kadhafi.
Em Paris, o ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou "o homicídio" do engenheiro francês Patrice Réal e "condenou este ato odioso e cobarde", pedindo que os autores sejam "procurados e condenados rapidamente".
Ao princípio da noite, dezenas de manifestantes invadiram o edifício do Congresso Geral Nacional (CGN) líbio, a mais alta autoridade política do país, no centro da capital, e agrediram deputados.
"Dois membros (do CGN) foram atingidos por tiros quando tentavam sair do local em veículos pessoais", declarou à televisão líbia Al-Nabaa o presidente do CGN, Nuri Abu Sahmein, que apontou o dedo a "manifestantes armados".
O porta-voz do Congresso, Omar Hmidan, disse existirem "vários deputados feridos".
Uma deputada indicou à agência noticiosa francesa AFP que os manifestantes, jovens e na maioria armados com facas e bastões, gritavam: "Demissão, demissão".
Imagens transmitidas pela televisão pública líbia mostravam dezenas de manifestantes a entrar no Congresso, enquanto os deputados tentavam encontrar uma saída para abandonar o local.
Os manifestantes exigem a dissolução do CGN e protestavam contra "o sequestro", por homens armados, de manifestantes que, no sábado, participaram numa concentração.
O CGN desencadeou a fúria de grande parte da população ao decidir prolongar, até dezembro próximo, o seu mandato, que devia terminar no final do mês passado.
Sob pressão da rua, o Congresso decidiu recentemente organizar eleições antecipadas, mas sem marcar uma data.
O Congresso e o governo de transição são criticados por não terem conseguido restabelecer a ordem e pôr fim à anarquia que se vive no país, desde a queda do regime de Kadhafi, em outubro de 2011.
O primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan, foi sequestrado durante algumas horas por um grupo armado em outubro passado.
Benghazi, no leste do país, foi de novo palco de uma vaga de homicídios, principalmente de ocidentais e membros dos serviços de segurança.
Um engenheiro francês foi hoje morto a tiro na cidade, e vários corpos foram encontrados nos arredores.
Fonte médica no hospital Al-Jala de Benghazi disse que o engenheiro, de 49 anos, foi atingido por três balas. O ataque ocorreu no bairro de Ras Abeida, no centro da cidade.
Em dezembro, um professor norte-americano foi morto a tiro, também em Benghazi.
Estes atentados, frequentemente atribuídos a fundamentalistas islâmicos, nunca foram reivindicados e, até ao presente, as autoridades de transição nunca conseguiram identificar e deter os responsáveis.
Um membro dos serviços de segurança foi hoje morto em Benghazi, na explosão de um engenho colocado sob o seu veículo e um antigo oficial da polícia ficou gravemente ferido num outro ataque, disse Ibrahim al-Charaa, porta-voz dos serviços de segurança da cidade. Fonte: Aqui