terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

E A PERESTROIKA DA GUINÉ-BISSAU?

Ilustre Geraldo Martins;

Gostaria de lhe refrescar a memória sobre um grande detalhe que julgo cair no seu esquecimento: é inestimável os danos que o 'seu' PAIGC causou a Guiné-Bissau e o seu povo!

Ora, como reconhecido apaixonado pelos cálculos gostaria que tentasse inverter em numero os seguintes:

- Inumeráveis valas comuns depois da independência: os chamados 'caso dos Comandos Africanos';


- Caso Malam Sanhá de 1975

- Caso 14 de Novembro de 1980

- Caso 17 de Outubro de 1985/86

- Assassinatos do jornalista Jorge Quadro, Robaldo de Pina entre outros

- Caso 07 de Junho de 1998

- Caso Nicandro Pereira Barreto de 1999

- Caso Veríssimo Correia Seabra em que era fortemente suspeito

- Caso Tagme Na Waie e Nino Vieira e Ajudante do campo do último

- Caso Baciro Dabó, Helder Proença e condutor deste

- Caso Roberto Ferreira Cacheu

- Caso 4 jovens, militantes do PRS

Entre outros...

Noutro lado da moeda, gostaria que lembrasse dos patrimônios de Estado que o PAIGC dividiu entre si, o que levou o Estado a colocar fortunas nos arrendamentos para instalar suas instituições;

... e ainda faço lhe lembrar que foi o 'seu' partido que introduziu e ainda sustenta a corrupção, o nepotismo, o clientelismo, a impunidade e outros vírus crônicos na sociedade guineense.

Ora, perante esses irrefutáveis fatos, que julgo serem do seu conhecimento - porém é agora o profundo conhecedor do partido -, se colocarmos essas questões aos estudantes da ciência política (que também é sua especialidade), qual seria a conclusão?

Pois bem, ilustre Geraldo Martins. Vamos colocar a coerência nisto!

Dado ao elevado grau de vírus que foi/é o 'seu' agora partido, creio que a solução passaria pela convocação duma perestroika da/na Guiné-Bissau cujo fim seria eliminação do seu cancro maior, o PAIGC. O que acha isto?

Para terminar, não esqueça de fazer a inversão dos fatos acima mencionados em números, se faz favor!

Aceita meus abraço patriótico!

Fonte: Ussumane Grifom Camará, via facebook 


Leia também o Artigo do novo guru do PAIGCWOOD

O novo gurru do PAIGCWOOD, Geraldo Martins, devia começar a sua abordagem desde independência a esta parte, focar apenas nos últimos 23 anos é pura manipulação. Desde cedo ficou bem patente que o PAIGCWOOD é um partido incapaz, antidemocrático e inimigo do progresso, o resultado da sua governação desde independência até a data presente está à vista de todos, ou seja, só miséria, subdesenvolvimento, assassinatos, repressão, etc, etc. Portanto vá passear o cão do seu patrão DSP.

 A Perestroika - Geraldo Martins

Consideremos o seguinte problema:


Nos últimos vinte e três anos, isto é desde que a Guiné-Bissau abraçou o pluralismo democrático, foram realizadas cinco eleições legislativas. O PAIGC ganhou quatro (só perdeu a de 1999, na sequência da guerra civil de 1998-99). Das quatro vezes que recebeu mandato popular para governar, o PAIGC não conseguiu terminar o mandato. Duas vezes foi afastado do poder por golpe de Estado ou sublevação militar (1998 e 2012) e duas vezes em virtude de alianças pós-eleitorais entre dissidentes do PAIGC e outros partidos ou grupos (2006 e 2014).

Se este problema for colocado a uma turma de estudantes de ciência política, pedindo-lhes que digam o que o PAIGC pode fazer, é muito provável que respondam da seguinte maneira:

Uma vez identificados os factores responsáveis pelo afastamento do PAIGC do poder, é preciso saber sobre que factores o partido pode agir. Como o PAIGC não tem controlo absoluto sobre os golpes de Estado, nem tão pouco sobre o apetite dos outros partidos pelo poder, o único factor sobre o qual tem um controlo absoluto é o próprio PAIGC. Logo, é sobre esse factor que deve agir.

É o raciocínio lógico.

Foi precisamente isso que a direcção do PAIGC fez nos últimos três anos: a reorganização da sua casa, a expurgação de vícios, o reforço da disciplina interna, o respeito pelos princípios e pelos estatutos, a luta contra o vírus da traição, etc. E foi esse trabalho, aplaudido pela grande maioria dos militantes, que foi agora premiado no Congresso.

O caminho que está a ser percorrido faz todo o sentido. O PAIGC deve estar à altura das suas responsabilidades. É inadmissível que um partido esteja sistematicamente a receber a confiança dos eleitores e a não corresponder a esse voto de confiança. Se o partido não se reorganizar como deve ser nos próximos tempos, das duas uma: ou vai continuar a defraudar as expectativas dos Guineenses, com custos elevados para o país, ou há-de chegar um momento de ‘fadiga ’, em que os eleitores lhe vão pura e simplesmente retirar a sua confiança.

É isso que os militantes do PAIGC entenderam. O que está a acontecer no PAIGC é uma verdadeira ‘perestroika’. Ela é dura para muitos, mas é necessária; ela cria inimigos internos e externos ao partido, mas não há volta a dar. Aqueles que dizem que o PAIGC é o principal responsável pela situação do país, mas defendem a manutenção do status quo no partido, em nome de um pretenso diálogo interno, estão a servir uma insanável contradição. As duas coisas são irreconciliáveis. Não se pode querer uma coisa e o seu contrário. Foi em nome de uma pretensa reconciliação interna que o partido nunca se reformou, tendo-se tornado uma entidade em degradação.

Algumas leituras enviesadas, que não compreendem a dinâmica do momento, criticam o que chamam de quase unanimismo à volta do líder do PAIGC, cujo corolário é a candidatura única. Porém, esquecem-se que um ensinamento da história é que em momentos de pânico e de confusão de uma Nação, ou de uma organização, as pessoas precisam como de pão para a boca de um líder que lhes dê confiança e os faça sonhar. E é isto que DSP trouxe para a política. Durante os quatro anos de ataques contra o Partido e de alguma desorientação dos militantes, ele foi capaz de transmitir convicção quando muitos já tinham perdido a fé; de não vacilar quando muitos duvidavam; de dizer sim podemos quando a esperança de alguns se desvaneciam; e de manter o partido de pé, quando muitos já se ajoelhavam; e conseguiu tudo isto apenas com a força das suas ideias.

Assim, naturalmente, foi reunindo as hostes à volta de uma ideia que ele bem representa, como uma força centrífuga que aproxima a periferia da essência. E acabou por conquistar os corações dos militantes. Se depois de Cacheu muitos diziam que DSP ganhou o congresso mas não ganhou o partido, hoje está mais do que claro que DSP ganhou o congresso e ganhou o partido. Acredito que no futuro hão-de surgir líderes da craveira do DSP para dirigir o PAIGC, mas vamos reconhecer com toda a honestidade intelectual que ele é o homem do momento, para o PAIGC e para o país.

Terminou o Congresso. Foi histórico em vários aspectos. O PAIGC sai dele mais coeso e forte. Um partido virado para o futuro, com novas dinâmicas no seio dos jovens, que agora estão mais bem representados nos órgãos nacionais e regionais; com as mulheres a introduzirem práticas políticas inovadoras, através da UDEMU; e com as estruturas decorrentes das assembleias de base e das conferências de secção, de sector e de região completamente renovadas.

Há ainda um longo caminho a percorrer para transformar e modernizar o partido, para posicioná-lo como um partido de centro-esquerda comprometido com o futuro do povo Guineense. As portas do PAIGC estão abertas a todos aqueles que queiram associar-se a este projecto, cada um trazendo a sua mais-valia e novas ideias.

Mas por ora, celebremos juntos este enorme sucesso.

Well done Camaradas.

Bissau, 5 de Fevereiro de 2018

Fonte: Geraldo Martins, via facebook