Bissau, - Os órgãos directivos do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vão reunir-se sexta-feira para
discutir a formação do próximo governo guineense, anunciou nesta quinta-feira o
presidente do partido, Domingos Simões Pereira,
"Dessas reuniões devem sair indicações muito claras daquilo
que deverá ser o comportamento do presidente do partido no processo de
auscultação de todas as sensibilidades da sociedade guineense" para
constituição do próximo governo, referiu líder do PAIGC.
O PAIGC venceu as eleições legislativas de domingo na Guiné-Bissau
com maioria absoluta, ocupando 55 dos 102 lugares da Assembleia Nacional
Popular, quando ainda faltam apurar dois lugares pela diáspora.
No mesmo dia, o país votou para as eleições presidenciais e o
candidato do PAIGC, José Mário Vaz, foi o mais votado, mas ficou abaixo dos 50%
necessários para assumir o cargo, sendo necessária uma segunda volta a 18 de
Maio com o candidato independente Nuno Nabian.
Domingos Simões Pereira, que será indicado pelo partido para o
cargo de primeiro- ministro, e José Mário Vaz reagiram hoje aos resultados em
conferência de imprensa na sede nacional, repleta de apoiantes em ambiente de
festa.
O líder do PAIGC desvalorizou o facto de a sua bancada ter perdido
deputados (tinha 67 eleitos) e realçou que "a democracia não se constrói
exclusivamente com maiorias qualificadas".
"Iremos demonstrar capacidade em produzir os consensos
necessários para as reformas estruturantes que a sociedade guineense
requer", destacou.
Além do crioulo, Domingos Simões Pereira fez questão de falar em
português na sede do partido e frisou-o quando questionado por um jornalista
estrangeiro, ao qual deu aquela indicação em inglês oferecendo-se para traduzir
a partir do português no final.
O candidato presidencial José Mário Vaz (conhecido como Jomav)
quer ser garante de estabilidade do novo governo e desvalorizou hoje o facto de
não vencer à primeira volta, mostrando-se até incrédulo com tantos votos
conquistados (252.269).
Pediu ainda "mais confiança" para reforçar a votação na
segunda volta e rejeitou qualquer atrito com as forças armadas guineenses,
cujas interferências com a política têm levado a sucessivos golpes de estado ao
longo dos anos.
"Diz-se que os militares são contra nós se chegarmos à
presidência. Mas o que nós dizemos é que os militares são nossos irmãos, amigos
e familiares", sublinhou, confiante em que ninguém vai atacar os
candidatos do PAIGC e prometendo lutar por entendimentos se chegar à
presidência. Fonte: Aqui