domingo, 20 de abril de 2014

EX-PRIMEIRO-MINISTRO PATRICE TROVOADA ANUNCIA CANDIDATURA ÀS ELEIÇÕES DE S. TOMÉ


Patrice Trovoada, em 2012, num encontro em São Bento com Passos Coelho
O antigo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe Patrice Trovoada anunciou hoje à Lusa a intenção de regressar ao seu país e candidatar-se às eleições legislativas de julho, depois de 16 meses de "ausência forçada".
"Tomei a decisão de regressar brevemente a São Tome e Príncipe", anuncia o antigo governante num comunicado enviado à agência Lusa, em que recordou uma "ausência forçada" de 16 meses e ter sido "incomodado pelo atual regime", sem dar mais pormenores.
Patrice Trovoada afirmou regressar ao seu país "após uma observação à distância mas atenta da evolução política, económica e social" do país e face às "divagações e tergiversações do atual governo e das forças políticas que o sustentam, neste momento crucial da vida" de São Tomé.
No princípio de 2012, o líder da Ação Democrática Independente, Patrice Trovoada, foi demitido pelo presidente, Manuel Pinto da Costa, na sequência de uma moção de censura, tendo saído do país no seguimento de alegadas ameaças feitas contra si e contra os seus mais próximos.
A decisão "legítima e natural" de voltar a São Tomé e Príncipe, agora anunciada, "resulta do compromisso inabalável" que disse ter assumido "com o partido, o Povo e a terra São Tome e Príncipe, particularmente com todos aqueles que sofreram no passado e continuam nos dias de hoje a sofrer as agruras de um quotidiano que as políticas desastrosas e as opções cáusticas e pouco esclarecidas do atual governo transformaram num autêntico calvário para os mais desfavorecidos", escreve o antigo governante.
O objetivo, explica, é "apresentar, promover e defender em nome do ADI a Nação inteira, a nossa visão do desenvolvimento futuro de São Tomé e Príncipe, o nosso compromisso eleitoral, e mobilizar uma ampla coligação de vontades de todos aqueles que acreditam que o país pode fazer melhor para concretizar o sonho que habita em todos nós de um país unido, moderno, próspero, pacificado e de oportunidades para todos".
Patrice Trovoada disse regressar porque acredita nos são tomenses e "no bom senso dos homens em travar as derivas totalitárias e ditatoriais, a violência política, nas suas capacidades em resistir a ameaças e intimidações, e a todas as atitudes que ferem a nossa democracia e os direitos dos nossos compatriotas".
Segundo a declaração em que anuncia o regresso, "um país não se constrói sem instituições fortes, sem trabalho, sem sacrifícios, sem competência, sem inclusão sistemática, com desculpas recorrentes, culpabilizações constantes, instabilidades permanentes, falsas promessas e intrigas pueris".
Assim, continua, é "absolutamente imperioso rejeitar o obscurantismo e os anacronismos que nos oferecem, caminhar em direção à luz e juntar-se ao grande concerto das nações civilizadas e evoluídas que amam e defendem os valores da felicidade, da concórdia, da qualidade de vida, do ambiente saudável, do mérito, do trabalho honesto, da igualdade de oportunidades e do respeito e igualdade de todos perante a lei democraticamente votada".
Em junho do ano passado, o antigo primeiro-ministro foi acusado de branqueamento de capitais, mas rejeitou a acusação, atribuindo-a a uma "atitude obcecada" do governo para o impedir de voltar ao poder.
O processo-crime foi instaurado pela Procuradoria-Geral da República de São Tomé e Príncipe na sequência de uma queixa feita ao Ministério Publico pelo Partido da Convergência Democrática (PCD), terceira maior formação política do arquipélago e na atual coligação governamental em São Tomé e Príncipe.
"Apresentámos uma queixa-crime contra o ex primeiro-ministro por lavagem de dinheiro e branqueamento de capital que, tudo indica, ele cometeu, porque há indícios muito evidentes", disse na altura Armindo Aguiar, dirigente do PCD, acusando Trovoada de ter feito uma transferência em dinheiro vivo para o Gabão na quantia de 624.600 euros.
Em entrevista à Lusa em junho de 2013, Patrice Trovada tinha dito: "Enquanto eu não sentir que a minha segurança física, a minha integridade está garantida em São Tomé e Príncipe, eu não voltarei", disse, afirmando haver "um comportamento de grande excitação por parte do atual governo para criar problemas a Patrice Trovoada". Fonte: DN