Nouakchott, Mauritânia (PANA) - A Polícia mauritana efetuou no fim de semana cinco novas detenções no seio dos quadros da Iniciativa do Movimento Abolicionista (IRA), uma Organização não Governamental antiesclavagista, soube a PANA de fontes bem informadas.Ami Wane e Mariam Mint Cheikh Dieng, que fazem parte dos membros ativos da ONG, foram também presas depois libertadas, com a obrigação de estar à disposição do inquérito, apresentando-se todas as manhãs nas instalações da Polícia.
Estas novas detenções elevam para 17 o número de responsáveis, quadros e militantes da IRA detidos desde 1 de julho de 2016.
Várias detenções que têm por origem uma operação de desalojamento dos sem-abrigo oriundos da componente « Haratine » (Mouros negros e ex-escravos ) que ocupam uma zona situada na comuna do Ksar (Nouakchott), iniciada quarta-feira 28 de junho último.
Esta traduziu-se em violentos confrontos entre forças da ordem e os sem-abrigo, com um balanço de vários feridos graves dos dois lados.
As autoridades de Nouakchott entendem haver uma mão da ONG antiesclavagista por detrás da revolta destes sem-abrigo da componente dos antigos escravos.
Vários partidos políticos, organizações da sociedade civil e centrais sindicais denunciaram estas detenções, que alimentam o debate sobre os perigos de recuo identitário na Mauritânia.
Por outro lado, a operação de desalojamento de quarta-feira ocorreu a menos de um mês da realização, em Nouakchott, da 27ª cimeira árabe, cujas sessões decorrerão de 25 a 26 de julho corrente.
Ela procedia assim da inquietação das autoridades de dar uma nova imagem urbana à capital mauritana para acolher um evento diplomático de tão grande envergadura.