O novo presidente da Comissão da CEDEAO, Jean-Claude Brou, eleito a 16 deste mês na cimeira de Abuja, é considerado um homem discreto, tecnocrata, e cujo nome, apresentado à última hora, afastou a concorrência de Cabo Verde.
Brou é o atual ministro da Indústria e Minas da Costa do Marfim e irá suceder ao beninense Marcel Alain de Souza a 01 de março de 2018 na liderança do órgão executivo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização de que fazem parte dois países lusófonos: Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Tradicionalmente, a liderança da Comissão da CEDEAO é atribuída a um país por ordem alfabética, pelo que a cimeira de Abuja deveria tê-la passado para Cabo Verde, mas a argumentação de que o arquipélago não tinha as quotas em dia, apesar de ter negociado as dívidas em atraso, não demoveu os líderes sub-regionais.
A escolha do nome do futuro presidente da Comissão da CEDEAO foi mantida em segredo em Abidjan -- apenas o sabiam os próximos do regime de Alassane Ouattara -, pelo que o anúncio, sábado, em Abuja, foi uma surpresa.
Ministro da Indústria desde 2012, pasta a que foi acrescentada a das Minas em 2013, Brou é membro do Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI, na sigla francesa) e um economista de 64 anos, formado em Abidjan e depois em Cincinnati, nos Estados Unidos, sendo um profundo conhecedor das grandes instituições internacionais, sobretudo as financeiras.
Desde 1982 que integra os quadros do Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo-se assumido, oito anos mais tarde, em 1990, como representante permanente da instituição no Senegal.
Próximo quer de Alassane Ouattara quer de Daniel Duncan, vice-presidente da Costa do Marfim, Brou, o primeiro marfinense a desempenhar as funções de líder da Comissão da CEDEAO, construiu toda a sua carreira política apoiado em ambos, que o "empurraram", face à qualidade de desempenho, para as instituições internacionais.
A sua carreira na política começou, porém, em 1991, na qualidade de conselheiro económico e financeiro de Ouattara, então primeiro-ministro, cargo que manterá após a morte do presidente Félix Houphouet-Boigny, já sob a chefia do estado por parte de Henri Konan Bédié.
A partir de 1996, Daniel Duncan, então primeiro-ministro, chama-o para seu diretor de gabinete. O reencontro com Ouattara dá-se quando este assume a Presidência marfinense, em 2012. No entanto, nos últimos dois anos, os lóbis mineiros desdobraram-se em queixas aparentemente insanáveis contra Brou, pelo que a escolha para a Comissão da CEDEAO permitirá pôr fim às tensões.
A partir de março de 2018, e desde Abuja, onde se situa a sede da organização sub-regional, Brou terá pela frente nos quatro anos de mandato dossiês sensíveis, entre eles o da criação da moeda única, que conhece bem, pois passou pelo Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO -- 2000/08) e pelo Banco Mundial (2010/13).
Mas Brou terá também de desenvolver estratégias para outros temas, como o da adesão de Marrocos à CEDEAO e o do reforço da integração regional dos 15 Estados membros, bem como enfrentar crises políticas em vários países, entre eles a Guiné-Bissau, e a questão do terrorismo no Mali e no Sahel, em geral.
Fonte: Lusa, em https://www.ojogo.pt